terça-feira, março 29, 2016

E se DILMA?

Recebido - aqui, na "redacção" - e transcrito:
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1-  E se Dilma tivesse 22 processos por corrupção, como Eduardo Cunha (PMDB) (1)?
2-  E se Dilma tivesse 18 processos por corrupção, como José Serra (PSDB)?
3-  E se Dilma colocasse sob sigilo, por 25 anos, as contabilidades da Petrobras, Banco do Brasil e BNDES, como Geraldo Alckmin (PSDB) colocou as do Sistema Ferroviário paulista, das Sabesp e da Polícia Militar, após se iniciarem investigações da Polícia Federal, apontando desvios de muitos milhões?
4- E se Dilma tivesse comprado um apartamento no bairro mais nobre de Paris e, dividindo-se o valor do imóvel pelos seus rendimentos, se constatasse que ela teria que ter presidido este país por quase trezentos anos para tê-lo comprado, caso de FHC (PSDB) (2)?
5- E se a filha da Dilma tivesse tido um único emprego, de assessora da mãe, e a revista Forbes a colocasse como detentora de um das maiores fortunas brasileiras, como no caso do Serra (PSDB) (3) e sua filhinha?
6- E se Dilma tivesse dado dois Habeas Corpus, em menos de 48 horas, a um banqueiro que lesou o sistema financeiro nacional, para que ele fugisse do país; desse um Habeas Corpus a um médico que dopava a suas clientes e as estuprava (foram 37 as acusadoras), para que ele fugisse para o Líbano; se fizesse uso sistemático de aviões do senador cassado, por corrupção, Demóstenes Torres (Dem) (4); se tivesse votado contra a Lei da Ficha Limpa por entender que tornar inelegível um ladrão é uma “atitude nazi-fascista” (sic), tendo a família envolvida em grilagem de terras indígenas (5), como Gilmar Mendes (Ministro do STF) (6)?
7- E se Dilma tivesse sido denunciada seis vezes, por seis delatores diferentes, na operação Lava Jato, e fossem encontradas quatro contas suas, secretas, na Suíça, alimentadas por 23 outras contas, em paraísos fiscais, e o dinheiro tivesse sido bloqueado pelo Ministério público suíço, por entendê-lo fruto de fonte escusa, e tivesse mandado toda a documentação para o Brasil, com a assinatura dela, como aconteceu com Eduardo Cunha (PMDB) (6)?
8-  E se Dilma tivesse vendido uma estatal (7), avaliada em mais de 100 bilhões, por apenas 3,6 bilhões, como FHC (PSDB) fez com a Cia Vale do Rio Doce?
9-  E se Dilma tivesse construído dois aeroportos, com dinheiro público, em fazendas da família, como fez Aécio Neves (PSDB)?
10- E se Dilma tivesse sido manchete de capa no New York Times, por suspeição de narcotráfico internacional, gerando diversas reportagens na televisão norte americana e agentes do DEA (Departamento Anti Drogas dos EUA) tivessem vindo ao Brasil para investigá-la e um helicóptero com quase meia tonelada de pasta de cocaína fosse apreendido em uma fazenda de um amigo pessoal e sócio dela como ocorreu com Aécio Neves (PSDB)?
11-  E se Dilma estivesse na lista de Furnas, junto com FHC, Geraldo Alckmin (8), José Serra, Aécio Neves (todos do PSDB)...entre outros?
12-  E se Dilma estivesse acusada de receber propinas (9) da Petrobrás, como Aloysio Nunes (PSDB) (10)?
13- E se Dilma estivesse sendo processada no STF, por ter recebido propinas da empreiteira OAS (10) e ter achacado o Detran do seu estado, em 1 milhão de reais, como fez Agripino Maia (DEM) (11)?
14- E se Dilma tivesse sido denunciada como beneficiária do contraventor Cachoeirinha, além de estar sendo processada, por exploração de trabalho escravo, em sua fazenda, como Ronaldo Caiado (DEM) (12)?
15-  E se Dilma estivesse sendo investigada na Operação Zelotes, por ter sonegado 1,8 milhão de reais e corrompido funcionários públicos, para que essa dívida sumisse do sistema da Receita Federal, como Nardes (Conselheiro do TCU (13), ligado ao PSDB)?
16- E se a filha de Dilma fosse assessora do presidente da CPI da Petrobrás e lobista junto a Nardes, um conselheiro do TCU, e tivesse uma conta secreta no HSBC suíço, por onde passaram milhões de dólares, como Daniele Cunha, a filha de Eduardo Cunha (PMDB)?
17-  E se Dilma tivesse sido presa em 2004, por fraude em licitação de grandes obras, no Amapá, e tivesse sido condenada por corrupção, evasão de divisas, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, como Flexa Ribeiro (PSDB) (14)?
18- E se Dilma, quando prefeita de Belo Horizonte, tivesse sumido com 166 milhões das obras do Metrô, como Antônio Imbassay (PSDB) (15)?
19- E se Dilma tivesse sido governadora e, como tal, cassada, por conta de compra de votos na campanha eleitoral, corrupção e caixa dois, como Cássio Cunha Lima (PSDB)?
20-E se Dilma, em sociedade com Mário Covas (PSDB) tivesse comprado uma enorme fazenda no município mineiro de Buritis, em pleno mandato, e recebesse um aeroporto de presente, construído gratuitamente, de uma empreiteira, constatando-se depois que foi essa empreiteira a que mais ganhou licitações no governo FHC (PSDB), sócio de Covas?
21- E se Dilma declarasse à Receita Federal e ao TRE (16) ter um patrimônio de 1,5 milhão e a sua filha entrasse na justiça, reclamando os seus direitos sobre 16 milhões, só parte do seu patrimônio, como aconteceu com Álvaro Dias (PSDB, depois PV) (17)?
22- E se Dilma estivesse sendo acusada de ter recebido 250 mil de uma empreiteira, na Operação Lava Jato, como Carlos Sampaio (PSDB) (18)?
23- E se Dilma fosse proprietária da maior rede de televisão do país, devendo quase um bilhão de impostos e mais dois bilhões no sistema financeiro, e tivesse o compromisso de proteger corruptos e derrubar a presidente, em troca do perdão da dívida com o fisco e financiamento do BNDES (19), para quitar as dívidas da empresa, como ocorreu no passado, caso dos irmãos Marinho, proprietários da Rede Globo de Televisão?
     Certamente Dilma, investigada noite e dia, em todas as instâncias, sem um indiciamento, sem sequer evidências de crimes, no dizer do promotor da Lava Jato e de um dos advogados dos réus “uma mulher honrada”, não estaria com os citados pedindo o seu impeachment.
O seu crime? Chegou o dia de pagar os carentes do Bolsa família e o tesouro não tinha dinheiro. A Caixa Econômica Federal pagou e recebeu três dias depois.
Isto é pedalada (20) e por isso todos os citados acima a querem fora do governo.
Porque é desonesta ou porque é um risco para os desonestos? Para apressar a tramitação dos processos em curso ou para arquivá-los?
Texto escrito por Francisco Costa
Notas minhas
(1) Durante o mandato de presidente da Câmara dos Deputados, está a ser investigado pela Operação Lava Jato e foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República ao Supremo Tribunal Federal. Acusado de mentir na Comissão Parlamentar de Inquérito da Petrobras, tem contra ele em aberto um processo conducente à sua destituição como deputado por quebra de decoro parlamentar. Em 3 de Março passado, o Supremo Tribunal Federal acolheu por unanimidade, a denúncia do Procurador-Geral da RepúblicaRodrigo Janot contra Eduardo Cunha por corrupção passiva e lavagem de dinheiro
(2)  Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente da República, com boa influência na comunicação social portuguesa.
(3) Senador, colunista, ex-governador de S. Paulo, do PSDB, de que foi um dos fundadores. Perdeu as eleições presidenciais contra Lula em 2002 e contra Dilma em 2010. Perdeu a reeleição para governador de S. Paulo.
(4) Senador pelo Partido Democratas (DEM), liberal, foi destituído em Julho de 2012 por ligações a um “bicheiro”. Os bicheiros que operavam o jogo do bicho, ilegal, acabaram por se tornar em mafiosos donos de bingos que dão lucros milionários. Compram juízes, o apoio de políticos e a amizade de celebridades. A Polícia Federal  durante a Operação Hurricane, em 2007, revelou a extensão do seu poder.
(5) O termo "grilagem" provém da técnica usada para o envelhecimento forçado de papéis, que consiste em colocar escrituras falsas dentro de uma caixa com grilos, de modo a deixar os documentos amarelados (devido aos excrementos dos insetos) e roídos, dando-lhes uma aparência antiga e, por consequência, mais verosímil. A grilagem dos terrenos indígenas tornou-se um poderoso meio de roubo das comunidades indígenas (e não só) por madeireiros, criadores de gado e especuladores agrários que contam com a cumplicidade de cartórios notariais de registo de bens.
(6)  Juiz do Supremo Tribunal Federal, com um largo conjunto de denúncias de traficar influências, favorecer as posições dos partidos da oposição contra os governos de Lula e Dilma e de, mais recentemente, ter deliberado pela impossibilidade de Lula da Silva, integrar o governo de Dilma
(7)   Empresa pública, do Estado.
(8) Dirigente do PSDB que disputou com Lula a reeleição deste sendo derrotado. É um dos mais influentes e ricos dirigentes do PSDB.
(9) No Brasil, propina é o dinheiro obtido ou fornecido de forma ilícita, como suborno, em atos de corrupção. Principalmente pela sobrefaturação em obras públicas exercido por políticos que por alguma razão tem influência na administração de empreitadas contratadas por esses administradores e/ou gestores governamentais. O fato é antigo no Brasil.
(10) Contra ele decorre processo de acusação de recebimento de subornos para adjudicar empreitadas de vulto ao empreiteiro em resultado de uma denúncia deste para receber do Ministério Público os favores de redução de pena que sobre ele incumbe.
(11)  Empreiteira, primeira vítima da Operação Lava Jato há anos atrás.
(12)  Senador pelo Estrado de Goiás.
(13) Tribunal de Contas da União.
(14) Senador. Presidiu ao Sindicato (entidade patronal) da Indústria da Construção do Estado do Pará (Sinduscon/PA) e à Federação das Indústrias do Estado do Pará (Fiepa). Também é diretor daConfederação Nacional da Indústria.
(15)  Deputado federal.
(16) Tribunal Regional Eleitoral de Amazonas.
(17)  Senador que mudou de partido para se poder candidatar às próximas eleições presidenciais.
(18)  Promotor de justiça e político brasileiro Foi vereador em Campinas, deputado estadual e deputado federal.
(19)  Fundado em 1952, o Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social (BNDES) é um dos maiores bancos de desenvolvimento do mundo e, hoje, o principal instrumento do Governo Federal para o financiamento de longo prazo e investimento em todos os segmentos da economia brasileira

(20)  Termo que se refere a operações orçamentais realizadas pelas Finanças, não previstas na legislação, que consistem em atrasar a passagem de verbas para bancos públicos e privados com a intenção de aliviar a situação fiscal do governo num determinado mês ou ano, apresentando melhores indicadores económicos ao mercado financeiro e aos especialistas em contas públicas.
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