domingo, agosto 23, 2015

Reflexões lentas - a alternante bipolaridade e as luzes da ribalta

No início da semana, reflectindo (lenta e rapidamente) sobre a campanha eleitoral na comunicação social, escreví:

“(...) Duas linhas gerais numa campanha não alegre mas violenta, com toques de ridiculo, caricatos. Descredibilizadoras da democracia, por mais burguesa que ela seja... mas que é assim que (lhes) serve.
  • a insistência até à exaustão no que possa levar a prever um empate. Como se só houvesse PàF e PS e em aproximações sucessivas até ao desempate nas urnas. Com o logro do voto útil e a insinuação (democraticamente) criminosa da inutilidade do voto nos "outros" e, por isso, (inutilidade) dos deputados, da Assembleia da República,  desta democracia em suma.
  • entre os "outros", a multiplicação que divida, baralhe e ajude a estimular o protesto atomizado (desde o de não votar ao de votar em quem diz "coisas certas"). Também a "ajuda" - por vezes subliminar, por vezes descarada - a quem, ou ao que, possa desviar o voto d’aquela força coerente e organizada, permanente, de classe, assim se canalizando esse voto, ou esse não-voto, para a real inutilidade. “
Neste fim de semana, a passagem (e paragem) dos olhos pelo que é a comunicação social que leio (além da “outra”, de certo modo correctora… mas colocada em surdina quando não silenciada) veio ilustrar o que escrevera.
Na revista do Expresso de ontem, chamam às eleições, afirmativa e perentoriamente, “eleições empatadas”!:

E, na capa da mesma revista, com entrevista de 8-páginas-8 no interior, grande destaque para a “deputada do Bloco de Esquerda” Mariana Mortágua:

Não que desmereça das qualidades e méritos de Mariana Mortágua, mas a sua transformação em vedeta traz “água no bico”, sobretudo porque se fundamenta na valorização da sua intervenção no inquérito parlamentar ao BES, não só para a abrilhantar mas, também, colocando na sombra outras intervenções de grande qualidade, individual e colectiva.
E, logo hoje de manhã, apanhei com o Sapo a atirar-me à cara com mais Mariana Mortágua (e Bloco de Esquerda):

É clara (para mim, claro...) a intenção de dirigir os focos de luz sobre uma parte da “esquerda” (de que, insisto, não desmereço a qualidade de alguns assim rotulados) para que os votos “perdidos” pelo alternante bipolar centro-direito das políticas que tão bem conhecemos - e sofremos - se não canalizem para a grande força de esquerda colocada na sombra… já que não pode ser colocada “à sombra”.
E procurando entreter-nos com o que €£€$ próprios chamam ”folclore político”:
------------------- 
Quanto a eventuais complexos de perseguiçãosobre que eu próprio me interrogo -, reflectirei (por escrito) noutro tempo e oporunidade,


         

Sem comentários: