domingo, julho 19, 2015

Reflexões lentas

Insistimos (a 1ª pessoa do plural não tem nada de majestático mas muto de colectivo) na ideia de que temos de nos preparar para a saída do euro.
Disse-o já há alguns anos, e há mais anos ando a dizer, que o que nos (a todos... com não  poucas, algumas sabidas e não poucas excepções) tramou - e trama! - não é estarmos no euro mas é termos entrado para o euro!
Foi então que, caminho feito passo a passo (Tratado de Roma a 6, alargamentos e criação de uma periferia de/para o centro, Acto Único, mercado interno, Maastrich) com a União Económica e Monetária dotada do euro e BCE, se consolidou a destruição do nosso aparelho produtivo, a entrega (escolhosa) das alavancas da economia  aos privados, a absorção por um sistema bancário-especulativo.
Algumas condições técnicas foram preparadas. Ao serviço de interesses sedeados no norte-centro da U.E, sofremos duas valorizações da moeda - a do escudo para poder ser parte do euro, a do euro para fazer face ao dólar - depois, e sobretudo, foi feito alvo de tudo o que se parecesse ou lembrasse (vou dizer o nome para não esquecer): "conquistas da revoluçao").
Off-shores, BPN, .BES, EDP, CTT, CP, TAP, transportes urbanos, PPP, reformas, PEC, IRS, IVA, "troikas" são nomes e siglas que a "oposição aos PS, PSD e CDS" não inventou, mas que encheriam fascículos de um dicionário ou enciclopédia, e que vieram e que coexistem com o euro.

Estamos muito mal no euro. É uma opinião velha (por isso, não de velho...) e com argumentos fortes. Haverá quem assim não pense. Alguns terão argumentos... que têm vindo a perder consistência e, nalguns casos, seriedade.
Mas ganha força a opinião de que estamos mal no euro e o desejo fundamentado de sair do euro, e de toda a pafernália a ele ligada. O que não se complementa, automaticamente, com a decisão de vamos sair do euro... e pronto.
Até porque há por essa ademocrática e nada solidária U.E. (a 28), por esse fantasmagórico Eurogrupo (a 19... mas só por aritmética, de preferência de diminuir), há por aí quem acha que quem está mal no euro somos, nós, portugueses, e essa é gente que está em lugares e força para algo fazer para que saiamos como entrámos: em seu benefício e em nosso prejuízo (calado, resignado, consentido, amordaçado). 

(Há divórcios que são inevitáveis... mas que não fique um consorte com o bragal mais os bens e heranças que o outro - com azar, ou em azaradas hora - trouxe para o matrimónio, ficando só para si com as ruínas do património ante-nupcial que deixou destruir e as dívidas que contraíu.)

Trata-se "isto" de uma questão de vontades e de habilidades negociais? 
Claro que não. É uma questão de relação de forças. E de informação, e de esclarecimento, e de participação. Para que quem tem a força - que aão as massas - saiba que a tem, dela ganhe consciência e dela faça bom uso.
Há que preparar o que é inevitável... para que não seja um adiamento em proveito dos de antes (para não dizer dos de sempre). Afinal, vivemos ou não em democracia? Alguma há!    

1 comentário:

Justine disse...

Fiquei esclarecida! E aproveitemos então a pouco democracia que ainda temos...