quinta-feira, julho 23, 2015

Minúsculo ensaio sobre hipocrisia

(a propósito da marcação
das legislativas para 4 de Outubro,
e do seu anúncio pelo cidadão Cavaco Silva,
no estatuto de Presidente da República)

Muito mal se dá esta gentalha com os outros, com os outros que não sejam os seus. Enquanto-seus-forem.
Mas os discursos, por eles proferidos sob o estatuto de representantes dos outros, legitimados pela escolha destes para os representar, deitam para fora das bocas, pelos etéreos meios, preocupações imensas relativamente aos outros... Como se preocupados com o seu futuro, com o seu nível de vida, com o seu bem-estar. Com o bem da Nação.
Esta gentalha, alguns deles em particular, deu-se muito bem com ditaduras, com fascismo e guerra colonial, disponível e subserviente para polícias políticas, apta e obediente para mobilizações guerreiras. Fazendo, claro, pelas próprias vidinhas…
Fazendo pelas vidinhas, foram-se adaptando às situações mutantes, disponíveis e aptos para, ao serviço do poder económico-financeiro, protagonizarem ditaduras de executivos com ligeira camada de cobertura de verniz democrático.

E se lhes causam engulhos as regras democráticas que lhes são impostas, e cujos consagrados nomes enfática e sacrilegamente invocam, não se cansam de as procurar contornar – ou controlar… como se diz das rotundas – e, se acaso lhes falta o engenho demagógico e manipulador, deturpam-nas, e se, ainda assim, os seus desígnios, ou os desígnios que lhes estão cometidos, não são alcançados, não hesitam: caminham, ou abrem caminhos, pisando as tais regras democráticas, ignoram-nas sob os seus pés e botifarras, e justificam-se com a necessidade da eficácia para a estabilidade e/ou para um apenas dito crescimento económico, para o bem-estar das populações, para melhorar o nível de vida dos povos. Para o bem da Nação. De que esmagam a soberania. 

1 comentário:

José Rodrigues disse...

SEM mais.Boa malha!

Abraço