segunda-feira, março 02, 2015

Reflexões lentas - dois pontos (:) em vez de ponto final parágrafo (. - segue em Junho)

Tinha a intenção de só voltar à Grécia - em reflexão de fundo... - em Junho, pegando na ponta que este "acordo" deixou em aberto (em "ferida aberta"!). Intenções!... de que estará o inferno cheio.
Aliás, uma réstea de bom senso previsional deveria ter-me advertido que não iria resistir aos salpicos do que foi uma enxurrada.
Apesar disso, ainda vou "entrar na dança-Zorba" mas tentar que seja apenas com algumas observações.
  • Para tanto que se falou e escreveu - em termos entusiáticos, cavalgando a euforia, ou em termos desbocados, ou de ódio contido, de sorriso cínico, hipócrita -, pouco se falou e escreveu da correlação de forças sociais, dos limites (e limitações) da democracia política em sistema capitalista na sua fase imperialista-financeira, da sua arma(dilha) da dívida externa. De política, no fundo. Quase só se falou e escreveu das consequências de uma política de prevalência de classe (exploradora, especulativa) e como minorar essas consequências, ou as tornar menos insuportáveis por adiamentos e aparentes concessões.
  • Daqui que as últimas coisas que li, descontextualizem e confundam povo grego e sua expressão eleitoral, confundam eleitores com quem se tornou seus representantes por essa eleição e por a ela se terem apresentado com propósitos para que (sabiam?) não tinham força nem perspectivas de vir a ter, erráticos e esperando, do capitalismo, a virtude do diálogo e esperando, da integração europeia, na sua actual fase, capacidade de regeneração.
  • Em quem se está (continua!) a malhar é no povo grego, e em vários sentidos e de vários lados, incluindo nas ilusões que se lhe abriram, porque é ele (e nós!) que apanhamos com as falsas vitórias e com as ilusórias conquistas. Não é nos que aparecem na televisão a mostrar, necessariamente, boas caras e palavras de satisfação (ou de endosso de responsabilidades) às suas poucas fortunas e sucessos.
  • Há um outro aspecto a que dou a maior atenção (longe de me arrogar-lhe merecimento absoluto), e ele é o da interdependência. Hoje, o povo grego não pode estar sózinho na afirmação da sua soberania - embora que só ele tenha força para a afirmar e firmar. E onde escrevi povo grego poderia ter escrito qualquer outro, como escrevo, sublinhando, povo português.
  • Por isso, tanto valorizei, nas minhas reflexões cidadãs - expressas ou não -, a importância dos primeiros passos dos eleitos pelo povo grego no sentido de contactos com outros Estados, e na procura de se verem acompanhados, nos seus esforços negociais, dentro e a acompanharem as negociações. O que foi esvaziado num ápice.
  • Por isso, o desajeitado e deslocado lamento de Tsiras relativamente a Portugal e a Espanha. Se tudo há a esperar destes povos, tudo o contrário haveria a esperar dos seus governos, subditos das finanças e mercados. Como ficou demonstrado, com lamentável protagonismo português.
  • Por isso, o significado que quis ler e relevar na proposta do GP do PCP de uma conferência inter-governamental que corresponderia a levar a antes de Maastrich a "questão europeia". Assim a li, e assim a vi desvanecer, não obstante guardar todo o seu sentido nesta batalha em todas as frentes.
  • Por último, um sentimento de grande confiança sem prazo de validade, e a convicção de que este "episódio" foi muito relevante (e está a ser) enquanto significativo abanão. Enquanto abanão a aproveitar para, contra todas as manipulações comunicacionais, mais de nós tomem consciência do que está a jogo e dos riscos que se correm, contra os quais não bastam boas intenções de alguns, de boas palavras e nenhuma ideologia (ou ideologias dispersas e até antagónicas) e ausência de organização. De/para massas. 

1 comentário:

Olinda disse...

De abanao a abanao,o povo refresca e pensa!

Bjo