sexta-feira, dezembro 06, 2013

Mandela - 4 (11 de Fevereiro de 1990)

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No dia da minha libertação, acordei, após algumas horas de sono, às 4.30 da manhã. O dia 11 de Fevereiro foi um dia sem nuvens, de fim de Verão, típico da Cidade do Cabo. Fiz uma versão abreviada dos meus exercícios de ginástica do costume, lavei-me e tomei o pequeno almoço. Telefonei depois a algumas pessoas do ANC e da UDE na cidade do Cabo, para virem à minha casa a fim de nos prepararmos para a minha libertação e trabalharmos no meu discurso. O médico da prisão apareceu para me fazer um breve exame. Não me preocupava com a minha libertação iminente, mas com o muito que tinha de fazer antes dessa altura. Como acontece tantas vezes na vida, a importância de um determinado momento perde-se na confusão dos milhares de pormenores.
(...)
Um dos problemas a serem resolvidos era onde passaria a minha primeira noite de liberdade. Eu inclinava-me para a passar em Cape Flats, nas townships animadas de mestiços e negros da Cidade do Cabo para assim mostrar a minha solidariedade para com o povo. Mas os meus colegas, e depois a minha mulher, argumentaram que, por razões de segurança, devia ficar com o Arcebispo Desmond Tutu em Bishopscourt, uma zona residencial num subúrbio de brancos. Não era um sítio onde me tivesse sido permitido viver antes de ir para a prisão, e achei que passar a minha primeira noite em liberdade numa zona rica de brancos transmitiria uma impressão errada. Porém, o comité explicou que Bishopscourt se tinha tornado mulrirracial sob a tutela de Tutu e simbolizava um não-racialismo aberto e generoso.
(...) 

3 comentários:

Olinda disse...

Gostei da intervencao de Antônio Filipe,hoje na Assembleia.Relembrou a votacao na ONU,para a libertacao de Mandela,com os ûnicos 3 votos contra dos EEUU,/Reagan;Reino Unido/Tetcher e Portugal/Cavaco Sila.Mereceu um burburinho,e ê esta gente que ,hipöcritamente,canta loas a Mandela.

Um beijo

Anónimo disse...

Pois é! Não gostam que lhes lembrem as verdades.
Como eles gostariam que fossemos todos amnésicos e mudos!
Mas... não somos.

Campanica

Graciete Rietsch disse...

Mas como não somos amnésicos temos a obrigação de "relembrar" as verdades aos pseudo esquecidos.

Um beijo.