sexta-feira, outubro 11, 2013

Sinais de desertificação que deveria responsabilizar uma política nacionalmente criminosa

Na ressaca da luta na frente eleitoral, e na intenção sempre presente de não a considerar nem única nem a mais importante, "entretive-me" a trabalhar os números do recenseamento comparando os de 2013 com os de 2009.
Entre as múltiplas abordagens possíveis, a distribuição geográfica em Portugal (continental) revela, ou confirma, evolução impressionante. A que é necessário colocar alguma moderação, uma vez que os dados do recenseamento não são em absoluto fiáveis dadas as imprecisas "limpezas".
De qualquer modo, não pode ignorar-se que todos os distritos (realidade administrativa que deixou de existir, embora sobreviva apenas para efeitos eleitorais) do continente que são do interior baixaram, nestes 4 anos, de população recenseada num total de 2,6% (entre os 4,7% de Portalegre e os 0,8% de Viseu) baixando a população (recenseada) de 21,8% para 21,0% do total do continente (menos 50 mil e menos 0,8 pontos percentuais).
Os outros distritos com Atlântico à porta, precisamente metade - 9 em 18 - passaram, assim, de 78,2% para 79,0% (mais 156 mil e, claro, mais 0,8 pontos percentuais), sendo notório o menor crescimento percentual nos distritos com maior espaço interior, variando entre os +0,1% de Viana do Castelo e +0,2% de Coimbra até aos +4,7% de Faro, o mais litoral de todos.
Sinais, meros sinais mas muito preocupantes, de desertificação, fruto de uma política de destruição da economia produtiva, de desmantelamento (e/ou venda ao desbarato) dos serviços públicos e de polarização mercantil-financeira-especulativa do acesso aos cuidados de saúde e à educação.      

Distritos 2009 2013 %
Portalegre          108.814            103.724   -        5.090   -     4,7  
Beja          138.624            132.259   -        6.365   -     4,6  
Castelo Branco          193.960            185.183   -        8.777   -     4,5  
Guarda          175.654            167.797   -        7.857   -     4,5  
Bragança          156.435            150.644   -        5.791   -     3,7  
Évora          147.863            143.873   -        3.990   -     2,7  
Vila Real          235.877            232.455   -        3.422   -     1,5  
Santarém          404.484            399.173   -        5.311   -     1,3  
Viseu          382.153            379.080   -        3.073   -     0,8  
        1.943.864         1.894.188   -     49.676    
21,8% 21,0% -2,6
       
Viana do Castelo          256.247            256.602                355         0,1  
Coimbra          394.237            395.064                827         0,2  
Leiria          421.499            424.076            2.577         0,6  
Aveiro          644.405            656.081          11.676         1,8  
Lisboa       1.870.241         1.911.045          40.804         2,2  
Porto       1.552.386         1.588.418          36.032         2,3  
Braga          763.106            786.564          23.458         3,1  
Setúbal          702.615            726.443          23.828         3,4  
Faro          357.765            374.696          16.931         4,7  
        6.962.501         7.118.989        156.488    
78,2% 79,0% 2,2

3 comentários:

Graciete Rietsch disse...

É preocupante a desertificação do interior que revela realmente uma política bem errada.

Um beijo.

Olinda disse...

Nûmeros reveladores da nossa realidade.O camarada sempre pronto a ajudar-nos para uma melhor compreensao do Paîs de agora.Muito obrigada.


Um beijo

GR disse...

Uma realidade dramática que o PCP há muito vinha avisar.
Dias mais difíceis se avizinham, quando pensava que pior era impossível.

Mas a Luta Continua!

BJS,

GR