quinta-feira, outubro 27, 2011

Reflexões lentas - emprego e empresas

Ontem, na comunicação social de massas, com massas de comentadores - ou com os comentadores "da massa" -, foi um "ver se te avias" na glosa de uma frase "genial" do "genial" ministro da economia.
Disse "o Álvaro" que não há "emprego sem empresas", esperando ele que os senhores deputados e os estimados espectadores percebessem que o que há a fazer é criar condições (de multiplicação do capital investido) para que o capital (vindo de onde?) crie empresas (capitalistas) para que estas possam criar empregos. O mini stro é mesmo um criativo!
Mas ele sabe (saberá?) que o que não há é empresas (capitalistas ou não) sem emprego. Sem emprego (ou uso) de trabalho, sob a forma de trabalho vivo - na nossa terminologia, capital variável - que faça funcionar (que use) o trabalho cristalizado em meios de produção (e de distribuição) - na nossa terminologia, capital constante -, nem que seja só pelo carregar de um botão e para fazer o registo das operações realizadas (por questões de estatística e fisco).
Como também sabe (saberá?) que, em capitalismo, em contradição com os seus interesses vitais, uma empresa (capitalista) em vez de manter empregos (de trabalho vivo!) dispensa estes se os trocar por empregos de trabalho cristalizado em forma de máquina e ferramentas, veículos, ceifeiras debulhadoras, tudo o que ser humano foi criando com o seu trabalho, e se estes empregos lhe derem mais lucro, ainda que leh façam perder o que alimenta, realmente, esse lucro, ou seja, a apropriação de mais valia criada pelo trabalho vivo. Daí, o dinheiro falso (porque sem base material), o crédito fácil e hipotecador (porque sem expectativas materiais de ser pago), o capital fictício. A especulação para compensar os limites da exploração do trabalho (vivo) e da sua intensificação.

A frase é mesmo só para enganar. Ou, usando também uma expressão que fique para glosar (por aqui, porque daqui não passará, claro): para encanar a perna à rã
Ou seja, para adiar o inevitável perecimento do que não é o fim da História.   

4 comentários:

miguel disse...

não que eu perca muitas vezes as tuas palavras, mas confesso que perco a oportunidade de te deixar uma mensagem. Desta feita, não posso perdê-la porque te quero agradecer a análise que connosco partilhas sobre essas frases feitas que nos entram pelos ouvidos como se axiomas inquebrantáveis fossem. e com direito a explicação sobre economia e tudo! obrigado e um abraço.

miguel disse...

não que eu perca muitas vezes as tuas palavras, mas confesso que perco a oportunidade de te deixar uma mensagem. Desta feita, não posso perdê-la porque te quero agradecer a análise que connosco partilhas sobre essas frases feitas que nos entram pelos ouvidos como se axiomas inquebrantáveis fossem. e com direito a explicação sobre economia e tudo! obrigado e um abraço.

Antuã disse...

O ministro zurra.

Graciete Rietsch disse...

Este post fez-me recordar, com muita satisfação, a sessão de Rio Tinto.

Um grande abraço.