segunda-feira, outubro 17, 2011

O literal e o real – 1

Está mais que visto que a dívida será renegociada. Só pode!
Exigimo-lo há muito, não porque tivéssemos dúvidas que o viesse a ser mas porque era preciso que o fosse logo, antes desta escalada.
Tal como na Grécia acabará por o ser.
Quando o exigimos, disseram que o que não queríamos era pagar mas eles (no caso, foi Sócrates) que não, que eram gente séria, da que paga as dívidas. Coisa que nós não queríamos. diziam eles, confundindo propositadamente negociar o pagamento (ou mesmo discutir se legítimo) com não pagar.
Depois, vieram outros, sucedendo-se nesta dança de fazer hoje o contrário do que se disse ontem. De fazer acontecer amanhã às avessas do que hoje se promete acusando os outros de terem feito igual ao que vão fazer..
Numa alternância que vai na 4ª década!
Entretanto (e entre tantos), adiam o que eles sabem inevitável, e vão esticando a corda, e recuperando, por roubo, o que devem achar que lhes foi roubado: as condições de explorar o trabalho, e de o poderem fazer sem o constrangimento de direitos sociais, humanos.

Mas isto é o real! E será literalmente correcto usar o verbo renegociar?
É que renegociar quer dizer negociar outra vez, ou de novo.
Ora... alguém negociou alguma coisa?
Negociou-se a destruição e o desaproveitamento da capacidade produtiva, negociou-se a demente financeirização, negociaram-se os empréstimos, os juros e os prazos?
Mas há que renegociar!, e quanto mais tarde pior, o que negociado não foi! Para isso, tem a renegociação (real, não literal...) que ser imposta por nós, antes que a realidade a imponha, já com a casa arrombada e sem trancas para as portas abertas.

2 comentários:

trepadeira disse...

Antes de mais roubo,extorsão,esbulho.

Um abraço,
mário

Graciete Rietsch disse...

Ainda hoje o sr. ministro disse que não previa renegociações da dívida, no entanto não rejeitou a necessidade de vir a financiar a banca com dinheiros públicos.
Onde iremos parar?

Um beijo.