quarta-feira, outubro 19, 2011

Ex-certos e in-certos

Gostei de ter lido:

(Arte poética)

A poesia não é um dialecto
para bocas irreais.
Nem o suor concreto
das palavras banais

É talvez o sussurro daquele insecto
de que ninguém sabe os sinais.

O silêncio insurrecto.

José Gomes Ferreira
(Dias Comuns IV - Laboratório de Cinzas)

Gostei (sem falsas modéstias) de ter escrito:

(...) Se a circulação das mercadorias – ou dos “factores de produção” – se passou a iniciar com a troca da mercadoria-especial dinheiro, como expressão material do capital, e se, no final do processo, havia mais dinheiro – ou, não havendo, o sistema “entrava em crise” –, com essa “desmaterialização”, primeiro lenta e complicada, depois acelerada, e logo em verdadeira vertigem, o funcionamento do capitalismo alterou-se significativamente, sem que a sua substância, ou essência, se tivesse alterado. Como relação social que o capital é.
A circulação dos “factores de produção” fazia-se, e faz-se, no espaço. Sobre pernas, sobre rodas, por tracção humana ou animal, em cima de carris, em veículos movidos a vapor, a derivados do petróleo, a gás, a jacto. E esse espaço está dividido, historicamente, por muitos espaços, numa designação genérica por nações. Assim, a circulação tem estado condicionada pela propriedade nacional dos recursos, desses “factores de produção”. Também quando, e enquanto, na forma dinheiro. (...)»

2 comentários:

Graciete Rietsch disse...

Se nós temos os recursos, temos que os utilizar e pôr a circular.
Actualmente o dinheiro é o valor de troca, mas se ele é desviado para a especulação financeira, as noossas riquezas perder-se-ão.
Terei percebido bem ou estarei a "especular"?

Um beijo.

Sérgio Ribeiro disse...

Graciete - Percebeste bem, claro. Acontece é que se especula para compensar a dificuldade de acumular dinheiro através da produção, isto é, do aproveitamento dos recursos e da exploração do trabalho.