sexta-feira, setembro 30, 2011

OUTRA INFORMAÇÃO - ao fim do dia

de avante!:




Jorge Cadima

Espiral

A crise do centro capitalista agrava-se rapidamente. Todos os dias há novos e importantes acontecimentos. Na UE, os planos da troika cumprem a sua missão: salvar o grande capital financeiro, ajudá-lo a pilhar os recursos e riquezas dos países vítimas, aumentar a exploração dos trabalhadores europeus. Mas, tal como o PCP sempre advertiu, não só lançam os povos na miséria, como agravam toda a situação económica – e mesmo financeira – das suas vítimas. Todos sabem (mesmo que não o confessem) que a Grécia nunca será capaz de pagar a sua cada vez maior dívida, com a sua cada vez mais pequena e saqueada economia. Portugal para lá caminha. A realidade começa a impôr-se, com toda a sua brutal crueza.

Sucedem-se declarações alarmistas dos centros de comando do grande capital. A Reserva Federal dos EUA fala em «riscos significativos» para a economia dos EUA. A nova chefe do FMI, Lagarde, fala num «colapso da procura global» (Independent 24.9.11) e – como se o FMI nada tivesse a ver com a situação – afirma que estamos perante «uma perigosa fase nova da crise» com um «círculo vicioso a ganhar ímpeto» e «ainda demasiadas dívidas no sistema» (Guardian, 15.9.11). O presidente do BCE, Trichet, «reconhece que a actual situação é mais precária do que quando colapsou [o colosso financeiro dos EUA] Lehman Brothers [em 2008]» (Independent, 25.9.11). O ministro das Finanças inglês, Osborne, afirma que «a zona euro é o epicentro dos problemas globais» o que, não deixando de ser verdade, esconde o facto de o Reino de Sua Majestade ser (per capita) «o país mais endividado do planeta» (Independent, 19.6.11). E de os EUA serem o epicentro da fase explosiva da crise em que o capitalismo mergulhou o planeta e o «parasita da economia global» para usar as palavras de Putin (Reuters, 1.8.11). Para o Independent (24.9.11) só nos salvamos com uma intervenção divina: «O mundo reza por um milagre económico».

Este alarmismo reflecte a realidade criada pelas próprias classes dirigentes. Mas serve também para preparar os povos para a nova operação de esbulho que preparam, nomeadamente na UE. Os jornais do passado fim-de-semana falavam de um «Plano Geithner para a Europa – a última hipótese de evitar a catástrofe global» (Telegraph, 25.9.11). Este plano prevê um novo saque do erário público para financiar a banca privada (primeira responsável da crise): «os bancos europeus terão de ser recapitalizados com muitas dezenas de milhares de milhões de euros, a fim de tranquilizar os mercados de que um incumprimento [falência] grego ou português não precipite o sistema numa crise financeira sistémica» (Philip Aldrick no Telegraph, 24.9.11). É a mesma conversa de sempre, para vender mais do mesmo, com resultados cada vez mais dramáticos para os povos.

A verdade é que o capitalismo não tem saída para a sua crise sistémica. E o espectro de um colapso reforça as suas tendências mais extremistas e agressivas. Como confirma a realidade dos nossos dias. A guerra da NATO na Líbia é um massacre de civis, de claros contornos coloniais. Vendida como «intervenção humanitária», hoje os jornais do sistema não têm vergonha em escrever títulos como: «Dirigentes rebeldes esperam submeter pela fome o bastião de Gadafi em Sirte» (Telegraph, 28.8.11). Ou textos como: «”Queremos poupar os nossos combatentes [...]” afirma um porta-voz rebelde […] “Vamos entrar em Sirte nem que seja preciso cortar a água e a electricidade”, deixando que a NATO bombardeie em força a cidade» (AP, 2.9.11). Dito e feito: «Líbia: Força Aérea britânica leva a cabo a sua maior incursão aérea até à data» escreve o Telegraph de 16 de Setembro, quase um mês depois de as forças ao serviço da NATO tomarem Tripoli com um banho de sangue, e no dia em que uma ONU servil e suicida reconhecia os fantoches do CNT como «governo legítimo». Cinco dias depois, a NATO decidia (com que autoridade?) prolongar a sua guerra aérea por mais 3 meses. Já não há sequer uma folha de parra.

A espiral de exploração e guerra deixa apenas uma saída: a resistência. A silenciada, mas heróica, resistência dos habitantes de Sirte e de toda a Líbia não é algo de distante. Faz parte da luta dos trabalhadores e povos do planeta contra o seu inimigo comum: o imperialismo. Faz parte da luta que os trabalhadores portugueses levarão às ruas neste próximo sábado.
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Notícia:
Costa Rica


Contra a privatização da electricidade

Os trabalhadores do Instituto Costa-riquenho de Electricidade (ICE) voltaram a parar esta segunda-feira, 26, e a marchar em protesto contra a privatização da energia eléctrica no país, em Sabana Norte, a oeste da capital, San José.

Sublinhando que esta luta não é por salários nem por benefícios mas sim pela segurança energética da Costa Rica, um comunicado da Frente Interna dos Trabalhadores do ICE, citado pela Prensa Latina, adverte para as consequências do possível «desmantelamento do Sector de Telecomunicações» se for por diante a política do governo a favor dos investidores privados.

A liquidação do ICE, bem como de tudo o que se relaciona com o Plano de Contingência Eléctrica, é resultado do Tratado de Livre Comércio com os EUA (2006-2007). Na ocasião, o sector ficou livre de ingerências, mas a voracidade do acordo exige agora a abertura desta importante actividade à ganância do capital, referem os dirigentes sindicais.

«Demonstremos aos que querem desmantelar o ICE que ainda temos força e coragem para defender esta nobre instituição», apelaram, numa alusão a outras lutas por idênticos motivos que ficaram conhecidas como Combo 2002. Nessa altura, os trabalhadores tiveram o apoio massivo do povo costa-riquenho, que demonstrou nas ruas a sua firme disposição de preservar a integridade da instituição estatal autónoma, criada em Abril de 1949.

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