quarta-feira, agosto 24, 2011

Quais as palavras?

As mais duras que o dicionário contenha. Que cada um escolha as suas.
Hipocrisia, cinismo, mentira, manipulação, desumanidade, crime, indignação, poderão ser algumas.
A evolução da situação na Líbia não cabe nas palavras.
A "revolução verde", o pensamento (e as acções, e a postura) de Kadhafi nunca nos mereceram simpatia e apoio.
Que havia um povo líbio e que, nesse povo líbio, havia quem estivesse contra Kadhafi é, decerto, um facto.
Que, na "incêndio" tunisino, egípcio, vizinho, tivesse surgido um "foco" líbio não surpreendeu.
Tudo o que seguiu é de um miserável oportunismo por forma a atear esse foco, a alimentá-lo para provocar uma enorme fogueira.
Desde Fevereiro - e foi só em Fevereiro - houve onde e quem tivesse decidido aproveitar a situação. EUA, NATO, França são referência de lugares, e nem vale a pena arrolar nomes, citar frases e declarações bombáticas, ou contar bombardeamentos entre decisões e mobilização de mercenários.

Havia rebeldes na Líbia? Quem o nega? Talvez apenas e ainda Kadhafi.
Mas esses rebeldes foram armados, estimulados, "alimentados", usados, foram pretexto para se perpetrarem e justificarem ataques de grande violência do exterior, escandalosamente ingerentes, absolutamente inaceitáveis à luz de um infimo respeito pelas relações internacionais.
Então?!... seria de permitir, como comunidade internacional, que Kadhafi massacrasse o seu povo? Esse foi um alibi para que se massacrasse o povo líbio para abrir caminho ao melhor acesso a/ controle de recursos apetecidos, enquanto noutras paragens outros povos se massacram, se fecham os olhos a outros massacres, se perpetuam situações e procedimentos de que resultam massacres em lume lento, medida a medida, ao serviço de interesses financeiros tão insaciáveis que se diriam suicidas.

A comunicação social teve/tem um papel relevantísimo nesta miserável montagem. Particularmente evidente no "fim de festa" (passe a enormidade da expressão). Divulgou-se a mentira  com o maior descaro, deram-se repetidas notícias do que iria ser - se viesse a ser...- como já tendo sido.

Neste momento (histórico, isto é, de meses, anos, décadas) que vivemos, este episódio é um marco. Que envergonha a humanidade. De que esta recuperará. Agredida, muito ferida, seguindo o seu caminho.
E, o que contribui para o impressionante da situação actual - 24 de Agosto, pela manhã -, ainda é um episódio, não há que mudar o tempo do verbo para se escrever foi um episódio. Em nada do que se lê e ouve e vê nos orgãos que são os da "nossa" comunicação social se pode acreditar. Porque eles estão ao serviço.  

1 comentário:

Maria disse...

Estamos a passar por uma curva apertada da História. Que, espero, jamais os absolverá.

Um beijo.