domingo, agosto 07, 2011

Maiakovski

A "culpa" é do Fernando Campos!, e do seu tão estimulante sítiodosdesenhos.
Este "retrato" do Maiakovski exige divulgação, e o texto que o acompanha faz pensar e desafia.
Queixa-se Fernando Campos de não encontrar muitas traduções de Maiakovski em português. Tem razão.
Mas algumas há. Como um trecho em O Militante de Maio/Junho de 2008, do poema "Vladimir Ilich Lenine", no caderno dedicado a Karl Marx, e que, por ser em versão livre, autoriza a que mais livre ainda tenha passado a ser:

Marx!
Perante nós, sempre a grisalha moldura.
Mas quão longe da imagem foi a sua vera vida,
quando em mármore ou gesso um velho vemos!

Se os operários dão um passo na senda da revolução,
um primeiro passo, um pequeno passo,
oh!, que incrível fogueira se ateia
no coração de Marx e no seu pensamento!

É como se ele em cada fábrica firme se alevantasse,
como se estivesse, calejado, em todas as lutas,
e, em flagrante, ao rapinante da mais-valia o filasse.

Ali, aonde os corpos, trémulos, nem ousavam levantar os olhos
sequer acima do umbigo do patrão, do capitalista,
Marx levou, implacável, a guerra de classes,
contra o bezerro de ouro que a touro não chega.
(...)


4 comentários:

cid simoes disse...

É bom, logo pela manhã, sentir esta lufada de criatividade.

Carlos Gomes disse...

Porque é actual, aqui vai o poema "Hino ao Suborno", de Maikavoski (Eu Próprio. Poesia 1912/1916).
Vemos e humildemente te elogiamos,
suborno querido,
todos nós, desde o miúdo porteiro
ao que anda de oiro vestido.

Todos os que a nossa mão
ousam com censuras seguir com os olhos,
nós, como àqueles que sonham em vão,
puniremos quais canalhas por inveja.

Para que não mais ousasse erguer-se uma censura,
vestimos uniformes e medalhas
e, avançamos o punho de convincente alvura
e perguntamos: "Já viram isto?"

Quem olha de cima - fica de boca aberta.
E todos os músculos brincam de alegria.
A Rússia - de cima - é uma simples horta,
toda amadurece, floresce e se torna elegia.

Mas já se viu algures que uma cabra de pé
trepe à horta e seja preguiçosa?...
Tivesse eu tempo e provaria
quem é a cabra e quem verdura é.

Mas vão e levem - não há nada a provar.
Pois calar-se-á a desonestidade dos jornais.
Como carneiros é preciso tosquiar e barbear.
Porquê ter vergonha pois na nossa pátria?

Tradução do russo por Manuel Seabra. Editora Vento de Leste.

Sérgio Ribeiro disse...

Obrigado pelos tão estimulantes comentários!

Abraços

Graciete Rietsch disse...

E ontem, na Festa da Unidade em S. Pedro da Cova, Lenine, Marx, Maiakowsky, Brecht e todos os imprescindíveis, estiveram presentes no extraordinário discurso de Jerónonimo.

Um beijo.