sexta-feira, março 18, 2011

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N.º 1946
17.Março.2011








A régua e esquadro
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Pedro Guerreiro
A situação na Líbia, assim como o conjunto de acções que visam possibilitar a agressão militar do imperialismo a este país têm tido rápidos e contraditórios desenvolvimentos nos últimos dias.
Os preparativos militares, as medidas e sanções políticas e económicas e a orquestrada e monumental campanha de desinformação estão montadas. Para finalizar o cenário, faltará a decisão do Conselho de Segurança das Nações Unidas que suporte e branqueie a agressão militar, eufemisticamente designada de «zona de exclusão aérea».
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Face às questões colocadas por alguns países sobre quem protagonizará e como será implementada a agressão – a dita «zona de exclusão aérea» –, responde o embaixador francês que não as entende, afirmando que o Conselho de Segurança «não é um quartel-general» e que «este Conselho deve dar autorização política e depois os países devem trabalhar juntos para a impor». Ou seja, os EUA e seus aliados apenas pretendem obter mais um «cheque em branco» das Nações Unidas para o que constituiria o primeiro passo de uma escalada de guerra que, mais tarde ou mais cedo, se lhe seguiria.
O imperialismo procura agir em múltiplas frentes, incluindo a instrumentalização da ONU (registe-se, com os «prestimosos» serviços de Ban Ki-moon, seu secretário-geral), para a concretização dos seus intentos nesta estratégica região, ao mesmo tempo que brande o «pedido» da maioria dos países da Liga Árabe (com a oposição da Síria e da Argélia) de imposição da dita «zona de exclusão aérea», silencia a rejeição desta pela União Africana e boicota activamente as tentativas de mediação e solução pacífica do conflito na Líbia.

É de salientar que entre os que mais clamam pela escalada de agressão à Líbia conta-se os regimes opressores, aliados dos EUA na região, como a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos, que não hesitaram em enviar tropas para apoiarem a repressão contra o levantamento popular no Bahrein (onde se localiza a base da V Esquadra dos EUA).
Os próximos dias serão determinantes para o desfecho do primeiro acto da tentativa em curso de domínio imperialista da Líbia (da totalidade do seu território ou impondo a sua divisão) e dos seus enormes recursos naturais (como o petróleo e o gás). Entretanto o autêntico assalto aos milhares de milhões do fundo soberano da Líbia está em marcha, os EUA, sempre na linha da frente no que toca ao saque dos povos, anunciaram já o «congelamento» de cerca de 30 mil milhões de dólares da Líbia.

Os EUA e as grandes potências capitalistas da União Europeia, fomentando contradições e divisões no mundo árabe e tentando utilizar em seu proveito legítimas aspirações populares, procuram, com o apoio de regimes que lhe sejam cúmplices e subservientes, ditar a ordem, se necessário a canhoeira, afinal como quando foi definida, a «régua e esquadro», a partilha colonial do continente africano na Conferência de Berlim, concluída em 1885.
Na Líbia – como a Palestina, o Líbano, a Jugoslávia, o Iraque, o Afeganistão e tantos outros exemplos comprovam –, o imperialismo acena cinicamente com preocupações humanistas e a dita «ingerência humanitária», apenas para, semeando a morte e a destruição, assegurar a exploração dos povos e dos seus recursos.
Às forças da paz e anti-imperialistas cabe rejeitar e denunciar qualquer agressão imperialista contra este país – que, em primeiro lugar, representaria um acto contra todos aqueles que na Líbia e no Mundo Árabe lutam pelos seus direitos, a democracia, a soberania e a paz – e pugnar pela resolução pacífica e política do conflito, sem ingerências externas.

1 comentário:

Justine disse...

Pronto, já está! As N.U. já deram autorização para a invasão...