terça-feira, fevereiro 22, 2011

O dominó...

... ou o castelo de cartas.
As notícias sucedem-se. Em catadupa.
A Tunísia, o Egipto, Argélia, Marrocos... estes os mais próximos, mas logo, e com uma enorme importância, a Líbia.
Mais para leste, ainda no Médio Oriente, alastra a chamada rebelião. São massas na rua, contra o que parecia estagnado, dominado sob o pêso dos dólares e do petróleo.
A Líbia a ganhar grande relevo. Kadhafi fala hoje, Mubarak falou ontem (e disse!), Ali falou anteontem (e disse!). O rei de Marrocos já disse, também, qualquer coisa. E os ministros dos negócios estrangeiros dos países da União Europeia - e aquela senhora que faz as vezes de ministra dos negócios estrangeiros da U.E. - também já reuniram e falaram. Não sabem é muito bem o que dizer. A Hilar(iante) Clinton parece um bocado perdida no turbilhão-
A interdependência sempre crescente e sempre mais assimétrica, cavando fundo as desigualdades. Até serem intoleráveis.
O sistema mundial de dominação mostra grande dificuldade de sequer se aperceber da situação, das situações, da evolução dos acontecimentos. Porque tudo parece estar a sair-lhes dos eixos. De dominação.

Surpresa? O que pode surpreender?
Ser este o tempo em que estão a acontecer coisas que teriam que acontecer!
O que virá a seguir! A volta que isto tudo vai ter.
Parece estar a fechar-se o ciclo das independências políticas, manipuladas pelas antigas metrópoles e pelos interesses que dominam (n)estas.

Depois de amanhã, talvez se arrumem, de novo, as peças do dominó, se coloquem as cartas no baralho. Mas os jogos a começar serão outros.

2 comentários:

Maria disse...

Toda esta zona do zona, efervescente mas 'controlada', parece agora uma panela de pressão a quem saltou a tampa.
Fiquemos atentos ao que se segue.

Beijo.

Carlos Gomes disse...

O despoletamento em cadeia das revoltas nos países árabes só vem demonstrar a interdependência cultural e económica destes povos que, para além das fronteiras que os separam, parece fazer sentido a noção de "nação árabe". No entanto, quanto ao seu futuro político, não alimento grandes ilusões e até penso que é demasiado ousado fazer paralelismos com outros exemplos europeus como o 25 de Abril. Encontramo-nos em coordenadas civilizacionais diferentes e temos dificuldade em entender o seu ponto de vista. Os árabes não deixam de ver a decadência moral e civilizacional do ocidente. Mais ainda,são as próprias mulheres que, quando se encontram em certos países europeus, sobretudo em França onde a prepotencia estatal é mais saliente, utilizam os seus símbolos religiosos - o lenço, etc. - como elementos de identidade. Eles temem instintivamente serem assimilados pela cultura ocidental e isso dá força ao islão cujo clero acabará inevitavelmente por "cavalgar" estas revoltas populares. O tempo se encarregará de demonstrar quem tem razão!