sábado, janeiro 29, 2011

Os poderes e nós, e os nós dos poderes

São eleitos, por nós, nossos representantes. São escolhidos, por nós, entre os que, de entre-nós, se apresentam como candidatos.
A escolha é feita depois de nós sermos informados das intenções candidatas de fazer... se escolhidos por nós forem.
A informação que nos é dada chama-se programas ou promessas, e é veiculada pelas vias de comunicação, com os meios que eles têm, ou que facultada lhes é, pelas tais vias que de comunicação são.
Nas vias de informação e comunicação incluem-se as propriamente ditas, que têm donos, particularmente os que são donos do resto, os jornais que têm donos, as rádios que têm donos, as televisões que têm donos, e que, além de terem donos e por os terem, têm critérios editoriais ao serviço dos interesses dos donos.
Mas também há outras, e muito penetrantes, vias de informação e de comunicação, como os púlpitos e os confessionários, além, claro, dos curricula que as escolas cumprem, criteriosamente escolhidos, e de que os professores não podem fugir por mais que alguns os tentem corrigir, até porque a eles foram sujeitos na sua formação anterior, assim a modos de testemunhos que se transmitem geracionalmente.
Destas formas informados, isto é, formatados, os cidadãos, nós, estamos em condições de escolher os candidatos que se nos apresentam, para que nos venham a representar. Para que, depois, exerçam o poder, ou melhor, os poderes, porque há o executivo, dito governo, o legislativo, dito parlamento, e o simbólico-cupular, dito presidencial.
Isto assim é porque vivemos em democracia republicana. Sim, porque, além disso, há o poder judicial que, dentro de edifícios democráticos, existe para que, tecnicamente, garanta que as leis são cumpridas, e penalizar quem não as cumpre, a começar por quem as executa.
Mas... mas por detrás, por baixo e por cima destes poderes visíveis, aparentes e democráticos, está o poder económico - agora mais financeiro que económico - e está o poder religioso. O poder dos donos do que é material e o poder dos donos das respostas à nossa necessidade metafísica, ou seja, da necessidade de acreditar que podemos ser para além do que fisicamente somos.
.
Instalados os poderes, todos os poderes, e todos inevitavelmente precários porque dependentes de nós, embora pareça que nós é que dependemos de quem os tomou de nós, a História faz-se. Numa sucessão de tempos. Os tempos de antes, os tempos de hoje (que, ao fim e ao cabo, quase não existem de tal maneira tempos de um suspiro... embora decisivos), os tempos que já estão aí logo logo a chegar, nesta soma do anos, séculos, milénios em que aprendemos, ao longo dos séculos e milénios, a dividir o tempo todo.
.
Deu-me para isto.
Verdadeiramente indignado com notícias
sobre o uso do poder que nosso é
e que deixamos que alguns o usem contra nós.
Porque os escolhemos para nossos representantes.
Porque lutámos - e vencemos! -
para viver em democracia.
Esta?
.
Deu-me para escrever isto.
E é para continuar.
Claro.
Como a luta.
Pela democracia.
Outra!
Evidentemente...

7 comentários:

Anónimo disse...

Mesmo com os poderes de bastidores e os institucionais que nada têm a ver com a prática democrática, como, por exemplo, os tribunais,verifica-se que depois de feitas as contas sem batota e truques de aritmética, Cavaco Silva foi rejeitado como Presidente por 78% da população recenseada. É, sem dúvida, um Presidente virtual que se faz passar por real e ainda por cima está convencido que é Presidente de "todos os portugueses". Isto confirma que a democracia burguesa está pôdre e o poder, dito democrático, apenas representa 22% da população. Onde está a legitimidade desta democracia?

Fernando Samuel disse...

A «OUTRA», pois claro: a da verdadeira maioria.

Um abraço.

Graciete Rietsch disse...

Sim, queremos a democracia verdadeiramente assente nas suas vertentes, Pão, Paz, Habitação, Edudação, Justiça, Saúde, Igualdade, Solidariedade.
Por ela lutamos cada vez mais intensamente.

Um beijo.

GR disse...

Eis uma explicação esclarecedora de como “eles”ganham, o poder, porque razão o povo incompreensivelmente vota neles, contra si próprio.
Resta-nos continuar a Luta!

Bjs,

GR

Mário Pinto disse...

Sempre podemos desmentir a necessidade metafísica, o que será um avanço enorme, de entre outros muitos não tão nucleares.

Abraço

samuel disse...

Deu-te pra isto... e muito bem!
Venha OUTRA democracia!, que esta até o nome já tem gasto e corrompido.

Abraço.

Justine disse...

Pois é, a necessidade das pessoas exigirem aos poderes os seus direitos e não andarem a pedir favores - pior, a trocar favores...