sábado, outubro 30, 2010

"Situação económica nos países socialistas antes e agora"

Transcrevo um segundo excerto da parte final de minha participação em iniciativa da Associação Iuri Gagárin, em que tive o enorme gosto (e utilidade) em participar, lamentando não ter havido mais tempo para debater (algum houve, e prometia mais, mas estou disponível... desde que o horário do "expresso" para Fátima me permita):


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(de pequeno Curso de Economia,
edições avante!, 1993).
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«(…) Por outro lado, o Indice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), sendo o que se dispõe de melhor, não pode ser utilizado num horizonte que abarque a situação anterior a 1990, e dificilmente o é a partir de 1990. Mas, para ficar como referência, convite a reflexão e aprofundamento, aqui deixo alguns dados. Muito escassos – e quase diria como "trabalho para casa"… – até porque a exposição vai longa.
Na evolução do crescimento estritamente económico, ou assim considerado, entre 1990 e 2007, nos 167 países para que foi possível arrolar dados, e tirando as pequenas repúblicas socialistas soviéticas que se tornaram países autónomos, pode encontrar-se a Ucrânia que observou uma queda média anual de 0,7%, o que é impressionante (e ajudará a explicar tantos ucanianos nossos vizinhos), e contraria a evolução geral que é de crescimento (dos PIB, repito), com a Federação Russa a crescer 1,2%, a Bulgária e a Roménia 2,3%, a República Checa 3,3% e a Eslováquia 3,4%, e a Polónia 4,4% enquanto a referência Portugal é de 1,9%.
Em contrapartida, no que respeita ao IDH global, a evolução é, para todos os países, muito mais negativa. Apenas com a correcção da inclusão de indicadores relativos à saúde e educação, dos 115 países que foi possível listar, a Federação Russa tem uma evolução negativa média anual de -0,03%, o 6º pior resultado, a Roménia +0,37%, a República Checa de 0,38%, a Hungria de 0,47%, a Polónia de 0,52%, exactamente o mesmo valor que Portugal.
Parece-me muito significativo o confronto entre a evolução dos PIB percapita (média para que entram as enormes fortunas entretanto criadas por essas paragens, com as suas mafias que lhes permitem tudo comprar... até clubes de futebol) e a dos IDH, mostrando insofismavelmente uma degradação da situação social, do “desenvolvimento humano”, em si mesmo e relativamente ao crescimento económico médio.
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Tenho de terminar!
Terei sido demasiado apologético?, terei abundado em ilusões sem esperanças de concretização, isto é, não sendo alternativa para nada, como a História provaria?
Talvez… neutro nunca fui, nem quando isso envolvia outros riscos, alternativa estou convencido que temos e somos, até porque este beco a que a financeirização da economia nos conduziu não pode ser o fim da História e exige uma mudança de rumo.
E ela tem de ser possível por impossível que pareça.
Termino parafraseando José Gomes Ferreira, as revoluções perdem-se quando os homens desistem de lutar pelo que parece impossível de alcançar, o sonho inatingível que cantava Jacques Brel em “O homem da Mancha” (D. Quixote), e Iuri Gagárin simbolizou.
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Não se conseguiu agora ou aqui?
Logo se recomeça, e mais adiante se alcançará.

1 comentário:

Graciete Rietsch disse...

Gostei tanto deste texto!!
Mas havemos de recuperar tudo o que se perdeu com o passo atrás do socialismo. Basta transformar o desgosto em luta, prafaseando Francisco Lopes.

Um beijo.