terça-feira, outubro 12, 2010

Alfred Nobel e a sua má consciência

Porque adivinhei a borrasca que traria a nomeação do Prémio Nobel da Paz, porque era evidente a intenção escondida de provocar as ondas de agitação na comunicação social, porque há muito mais que me ocupa, resolvera não dizer uma palavra aqui sobre o acontecimento armadilhado.
Sem nada que altere a justificação de não entrar na tempestade de palavras, um comentário num blog vizinho e amigo obloguedocastelo, deu-me oportunidade de não deixar enquistar esta borbulha que tanta vontade me dá de coçar:

De acordo com a vontade de Alfred Nobel, o prémio (da Paz) deveria distinguir "a pessoa que tivesse feito a maior ou melhor acção pela fraternidade entre as nações, pela abolição e redução dos esforços de guerra e pela manutenção e promoção de tratados de paz".


'tá-se mesmo a ver que a atribuição do prémio, o ano passado e este ano, se empenhou em cumprir a intenção do benemérito promotor dos prémios que criou para tranquilizar a sua consciência por ter inventado a dinamite.

12 comentários:

Maria disse...

E a 'deturpação' da intenção de Nobel serve a quem?
Pois é...

Um beijo.

Anónimo disse...

Então os srs do Nobel não sabem que existem nos cárceres da Rússia e Polónia comunistas presos e que um grande número está submetido à clandestinidade?
E qual é o sentido de dignidade desses magníficos cidadãos que fazem parte das equipas dos "direitos Humanos" que aparecem nas televisões com o seu ar muito seráfico a congratularem-se com o valente "democrata"?

A CHISPA ! disse...

"Não estamos contra a redução do défice,mas não a MATA CAVALOS,à custa de brutais sacrificios das populações e do desenvolvimento do País" Afirmações de J.de Sousa, aos orgãos de comunicação, no final das jornadas parlamentares.

O que quer dizer, que desde que não seja a MATA CAVALOS,até podem ser postas em prática.

A Chispa!

Sérgio Ribeiro disse...

Maria - Pois é...
Anónimo das 15.06 - É a campanha dentro da luta de classes. Eles bem a fazem, com todos os seus meios!

Abraços

Nota apensa para quem queira fazer um exercício de leitura, ao nível primário:
J. de S. na abertura das Jornadas Parlamentares:
"Nós precisamos de reduzir o défice, mas não a mata-cavalos, à custa de brutais sacrifícios das populações e do desenvolvimento do país." O que quer dizer que:
nós precisamos de reduzir o défice, mas não a mata-cavalos, (não) à custa de brutais sacrifícios das populações e do desenvolvimento do país.
Quem sabe ler, e não está de má fé, percebe! É tão claro que nem seria preciso ler tudo o mais que foi dito.

Fernando Samuel disse...

Olha, também me «dediquei» a esta «paz»...

Um abraço.

João Henrique disse...

Tal como no ano passado,os critérios na atribuição deste prémio da paz, foram adulterados para favorecerem as posições políticas dos EUA.

Um abraço.

folha seca disse...

Caro Sergio Ribeiro
Há muitos anos que me habituei a respeitar a sua honestidade intelectual e a sua fidelidade a principios. Dado que nas ultimas décadas não foi notada grande alteração na academia que atribui o Nobel e sem querer entrar em polémica, gostava de ler a sua opinião sobre este comunicado que aqui transcrevo e a nota à imprensa agora divulgada pelo PCP
Respeitosos cumprimentos
R.Manuel

Quarta 8 de Outubro de 2008
A Comissão Política do Comité Central do PCP saúda vivamente o escritor e o camarada José Saramago pela atribuição do Prémio Nobel da Literatura.


Escritor de grande mérito artístico e de indiscutível prestígio nacional e internacional, José Saramago é simultaneamente uma figura singular na vida cultural, social e política do nosso país.
Membro do PCP desde antes do 25 de Abril tem uma vida indissoluvelmente ligada à defesa da liberdade, da democracia, das grandes causas sociais e políticas dos trabalhadores na luta pela sua emancipação.



Graciete Rietsch disse...

Gostava de saber em que é que a senhora que ganhou agora o Nobel da Paz contribuiu para a fraternidade entre os povos, redução dos esforços de guerra e manutenção do clima de Paz.

Um beijo.

Graciete Rietsch disse...

Quero corrigir um engano. Afinal não era senhora , era senhor. Mas a pergunta mantém-se.

Mais um abraço.

samuel disse...

O Nobel deve estar bastante incomodado... e isto sem ter que suportar a estraordinária capacidade dos "chispas" para interpretar textos simples. :-)))

Abraço.

Sérgio Ribeiro disse...

Fernando Samuel - Estamos colimados!
João l. Henriques - ... os critérios que são afirmados para atribuição dos prémios são, muitas vezes, adulterados... Estamos de acordo.
Folha Seca - Grato pelas saudações e como expressas. Quanto ao comentário que me pede, dir-lhe-ei que antes de ser Nobel, já considerava (e, evidentemente, não só eu) José Saramago um enorme escritor e achei que a atribuição do Prémio cumpriu os critérios, como acharia se ele não fosse meu camarada; o comunicado do seu (e meu) Partido congratula-se com o Prémio e refere, com satisfação, ser um seu militante o premiado; se, para o ano, o Nobel da Paz for alguém que tenha feito o que os critérios estipulam, todos nos devemos congratular com isso, apesar dos últimos premiados o terem sido por critérios inquinados por objectivos que desvirtuam os critérios afirmados. É a minha opinião.
Graciete - É isso mesmo
(independentemente do sexo...)

Abraços e saudações

Sérgio Ribeiro disse...

... Já agora... Mário Vargas Llosa é um escritor de muito mérito pelo que, apesar das posições políticas que considero reaccionárias a bordejar o fascismo, não levanto reservas quanto aos critérios de atribuição do Nobel da literatura, mesmo que outros se tenham, eventualmente, juntado aos relativos aos méritos literários.