domingo, agosto 15, 2010

Ainda Nazim Hikmet

E, porque hoje é... domingo:
.
"Hoje é domingo"
(poema de 1938, escrito na prisão, em Ancara,
adaptado de uma "tradução automática"... )
.
Deixaram-me ver hoje o sol pela primeira vez.
E, pela minha primeira vez na minha vida,
tão longe de mim o sol!
E o céu tão azul
que é tão grande como a surpresa
Fiquei imóvel.
Então, sentei-me no chão.
Encostei-me contra a parede branca.
De repente, uma estranha memória:
o mar.
Perto do que há de mais vil, minha querida.
Acho que estou a acostumar-me à solidão.
Já não tenho tempo bastante
para tanto tempo que estou afastado dos meus lugares.
Leio uma caixa de fósforos e um pacote de cigarros,
depois mastigo meu bigode como uma iguaria,
e... mergulho nas ondas.


Versão inglesa (curta) de Gun Gencer:

Today's Sunday

They took me out into the sun
for the first time today
and for the first time in my life
amazed that the sky was so distant
so blue
so wide
I was still
Then I sat on the ground with respect
leaned my back against the wall.
No rolling with the waves at this moment
at this moment, neither freedom, nor my wife
the earth, the sun, and I
am content

5 comentários:

Graciete Rietsch disse...

Muito triste este poema!!!!
Mas a esperança mantém-se. A tristeza surge, mas a fitmeza de carácter mantém-se.

Um beijo.

Fernando Samuel disse...

Nazim Hikmet: ao domingo ou em qualquer outro dia da semana...

Um abraço.

Justine disse...

Belíssimo post! Excelente tradução. E uma brisa triste neste dia de domingo...

samuel disse...

Muito bom!!!

Abraço.

Maria disse...

Conheci Nazim Hikmet através do Cravo de Abril...
É muito bom!

Beijo.