sexta-feira, julho 17, 2009

Reflexões lentas... interrompendo a série museus

Não digo, isso não digo, que num andar de um arranha-céus novaiorquino ou num apartamento de avenidas novas de Lisboa ou do Porto, exista – com ou sem tabuleta indicativa e denunciadora –, e funcione, um departamento encarregado de “estratégia e acções de luta de classes”, num caso à escala global, noutro à dimensão caseira. Mas estou convicto, e confirmo-o amiúde, que há clubes e reuniões periódicas que tratam disso (dessa matéria…) e, também, que há uns “faz-tudo” ou uns “espontâneos” que, sem cumprirem ordens explícitas ou cadernos de encargos, tomam iniciativas que desencadeiam oportunas acções de luta de classes que se integram na estratégia e dinâmica sempre presente, larvar, nesta história que de luta de classes é, e de que estamos a ser contemporâneos. Acidentais. E intervenientes por acção ou omissão.
O dr. Alberto João Jardim será um desses “faz-tudo” , "palhaço pobre" de circo ambulante ou “espontâneo” que salta para o meio do redondel e, animado ou não pelo etílico, frequentemente faz uma das suas “partes gagas” que, também com frequência, são muito bem aproveitadas para criarem ambiente, para provocarem ondas de intoxicação ideológica. A fingir que não o são, mas tão-só as decorrências (e escorrências) de um “fait-divers”. No entanto, o fait não é divers, ou passou a não o ser. Passou a ser um facto que serve para. Que serve para alimentar a luta de classes. Contra o espectro. Contra o espectro que (como foi escrito em 1848 a abrir o Manifesto do Partido Comunista) assusta, atemoriza, uma classe social. A classe social que decretou que as classes deixaram de existir mas que faz, permanentemente, a luta de classes. Luta que “nós”, que da outra classe somos ou queremos ser ou que com ela queremos estar, por vezes esquecemos que existe ou nos deixamos levar na onda de que talvez já tenha deixado de existir.
Mas… atenção: “eles” nunca o esquecem e, nos “momentos de crise”, quando amaciam a voz e com falas mansas nos embalam com o fado-cançoneta “estamos todos no mesmo barco”, estão a praticar, com toda a intenção e pretendida eficácia, a sua estratégia. Não perdendo uma oportunidade de aproveitar os “faz-tudo” ou “espontâneos”.
Como acaba de ser provado!

3 comentários:

Justine disse...

Excelente texto, S.: Claro,directo, pedagógico, falando com humor de coisas fundas e sérias.

samuel disse...

Por isso mesmo é que não desfazendo no facto de a figura ser uma anedota, é bom não esquecer que há quem o leve a sério, ou outros, que mesmo não levando, se aproveitam sempre da confusão criada.

Maria disse...

Oportuna esta tua reflexão. Assim dita: clara e transparente e escrita à tua maneira.
Vou pegar nela e mandar uns mails para gente que anda um pouco distraída e acha que o homem só quer protagonismo...

Beijo e até amanhã