sábado, maio 16, 2009

Reflexões lentas sobre política(s)... 7

continuação
O aparecimento da UEM será a expressão “europeia” de uma inflexão no sistema com vista à prioridade para a “estabilidade de preços”, tornando-se o equilíbrio orçamental obsessão (e obediência cega, como no caso português), pela via de contenção do défice pela diminuição das despesas e da intervenção do Estado, nas áreas sociais e em tudo que se esgueire à lógica capitalista da acumulação do capital financeiro, para além da sua exclusão do que se consagrou monopólio da “economia do mercado”, da “iniciativa privada”.

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A inflexão, contra o que se diria, em terminologia tida por ultrapassada, a inflação – apesar do desemprego… –, reflecte-se de imediato na subida das taxas de juro, e na sua inflexibilidade, o que veio elevar muito os “custos” do crédito sem que verifique a sua diminuição, antes continue crescendo para substituir os necessários (face às novas necessidades) e irrealizados acréscimos salariais, agravando, paulatinamente, o endividamento, concorrendo para a sua dinâmica de imparável crescimento nas actuais condições objectivas e subjectivas.

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O prolongamento no tempo dos critérios de convergência nominativa para a instauração da moeda única, e o seu alastramento para além da “zona euro”, traduziram-se na imposição de um Pacto de Estabilidade e Crescimento, em que a vertente do crescimento é, apenas, uma palavra oca de sentido porque apenas conta, para o BCE, seu promotor e vigilante tutor ou tutelador, a estabilidade, com taxas de juros altas, e assim mantidas, ainda que claramente agravadoras do endividamento e inibidoras do crescimento económico.

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E chega-se a uma situação muito delicada no funcionamento do sistema em que o fosso entre as “finanças” e a “economia” se alarga desmesuradamente, por crescimento das finanças e por travão à economia, ao mesmo tempo que deixa de se ter em atenção o critério nominativo da dívida pública por monopólio do critério do défice orçamental.

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O que tem uma explicação ideológica para quem vê, na desideologização, a face de uma ideologia, ou a máscara da ideologia a que se dá o nome de “economia de mercado”; agora, neste “tempo de crise”, as correntes sociais-democratas culpam outros como responsáveis pela “crise”, por terem sido essoutros – que não eles... – os fautores do neo-liberalismo de que são tão ou mais responsáveis, como se pode comprovar pelas presenças nos órgãos de poder quando as decisões mais neo-liberais (e gravosas socialmente) foram tomadas.
continua

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