sexta-feira, abril 24, 2009

Natureza(s)

O pedras contra canhões, no seu imperiobarbaro.blogspot.com, coloca com alguma frequência (que maior se desejaria) reflexões que são verdadeiros convites… à reflexão.
Numa das últimas abordava o tema da natureza humana, ”natureza humana ou natureza de classe” (ver).
Não entrei na interessante “conversa” que se seguiu nos comentários (19), embora lá tenha colocado um, de passagem, e a “ameaça” de voltar. Como tal não aconteceu, e o tempo passou, venho aqui deixar duas reflexões, retomando coisas que escrevi, há mais de 40 anos, no suplemento de economia do Diário de Lisboa (e passou na censura...).
Ao reflectir e escrever sobre natureza humana, a minha concepção de vida, de natureza e de humano leva-me a acrescentar, sem intenções de entrar em áreas filosóficas, que o ser humano tem uma “primeira natureza”, a animal, integrando-se na meio-natureza global, a partir dessa sua natureza intrínseca.
Ao longo do processo histórico, pelas relações que entre si foi entretecendo, por via do trabalho, o ser humano foi criando uma “segunda natureza”, a social.

Por isso se diz, sem pretensões de aprofundamento filosófico mas, também, sem recuar perante a aparente excessiva facilidade, que o ser humano é um animal social, isto é, tem uma "primeira natureza" a que, ao longo dos tempos vem acrescentando uma "segunda natureza". Houve e há, no entanto, seres humanos muito animais e bem pouco sociais, ou até anti-sociais; e seres humanos há e houve que, de tão sociais, se esquecem que são animais. A "natureza de classe" será uma natureza derivada da "segunda natureza", da social.

3 comentários:

Anónimo disse...

Sérgio, estás bom?
Tenho andado a estudar umas coisas interessantes para esta discussão.
É certo que fogem às relações sociais que são geradas no processo de produção e de satisfação das necessidades. No entanto, assumir a economia neo-clássica, convencional, burguesa, etc. como uma ciência imperialista, que impôs a sua construção de «homo economicus», com base num conjunto de consturções idealistas e robutizadas dos indivíduos e das suas relações, às restantes ciências sociais é um passo no sentido certo. Agora, considerar que a economia deve «evoluir» aprendendo com os contributos das suas ciências irmãs é outro passo no sentido certo. Finalmente, falta e muito falta prosseguir o debate científico e político (que são inseparáveis). Retomar a análise de classe, aquela que se baseia na leitura e nas relações sociais de produção e na vontade de as superar, é um imperativo de luta.
Abraço,
Ricardo

Sérgio Ribeiro disse...

Diria... exactamente. Mas isso não basta. Por maiores que sejam os acordos, as sintonias, há sempre que discutir, que debater, que pensar com os outros (e com as outras áreas do conhecimento... Marx começou a estudar química um ano antes de morrer).
E achas que há algo que possa fugir às relações sociais que são geradas no processo de produção e de satisfação das necessidades?
Não é essa "natureza" de "homo economicus" resultante da "natureza animal" e uma "natureza derivada" da "natureza social" e da "natureza de classe"?
Um grande abraço, Ricardo

miguel disse...

se mais não escrevo não é por falta de vontade nem de motivo... grande abraço, camarada!