sexta-feira, agosto 22, 2008

Notas (sobre) olímpicas

  1. Pequim veio confirmar, gritantemente, a ciclotímia portuguesa: passámos da esperança infundada, ao desespero derrotista, à recuperada euforia.
  2. Destes Jogos, retenha-se a lição do absurdo, mas verdadeiramente ilustrador; de ter havido compromissos (orçamentais…) com base na fixação de número de medalhas a “conquistar”.
  3. Que o comportamento desportivo-cívico de alguns atletas não tenha sido o mais correcto não pode ser exemplo e bode expiatório, que o comportamento desportivo-cívico de alguns atletas tenha sido exemplar não pode tornar-se glorificação e exemplo.
  4. Não há resultados significativos em alta competição sem educação física e desportiva de massas e “tudo começa na escola” e no associativismo desportivo.
  5. Os resultados que tivemos e que não tivemos ilustram o desporto que não temos, e as excepções que (honra lhes seja!) confirmam as regras.
  6. “Os Comunistas são partidários do desenvolvimento do desporto de alto nível, de confrontações internacionais e dos Jogos Olímpicos que são a sua expressão suprema, por razões fundamentais, inerentes à própria natureza do desporto.
  7. “O ideal da superação, do recuo permanente dos limites das possibilidades humanas, corresponde ao dinamismo profundo da prática desportiva.
  8. “Ao contrário do cepticismo burguês que (…) baptizava o século xx de “esse estranho século do desporto, da hipocrisia (que denunciava) “o gigantismo que contaminou os Jogos Olímpico,s (…) do confusionismo (que vêem, na razão nos fracassos nos resultados,) “o derrotismo dos círculos intelectuais pretensamente esclarecidos”.
  9. “Que desvio de responsabilidades e quantas ideias! Mas é evidente, para nós, que o desenvolvimento do desporto de alto nível não deve ser considerado como um fim em si, uma preocupação exclusiva. (…) não pode existir relação automática entre o número de desportistas e o nível de um escol. O desenvolvimento de uma prática desportiva educativa (e associativa) para a massa tem que ser acompanhada pelo progesso ao nível do escol.
  10. “A função do campeão deve assumir valor educativo e exemplar. (…)”

(a itálico, transcrições de “Os comunistas e o desporto”,
P. Laurent e outros,
História e sociologia do desporto,
Prelo Editora
, 1974)

2 comentários:

samuel disse...

Podia ter sido escrito ontem. Continuaria certo. Pouco ou nada mudou na nossa realidade "desportiva".

Fernando Samuel disse...

Ou seja: faz-nos falta o «desporto direito do povo» que deu sinal de vida com o 25 de Abril, mas depois...