quarta-feira, junho 11, 2008

Esta questão é verdadeiramente essencial

O conceito de liberdade - o meu!, aquele que aprendi, que elaborei, que fui assimilando como o ar que respiro, e que sei ser de quem queira pensar para além do palmo à frente do nariz... - assenta na consciência da necessidade e em tempo livre, isto é, aquele tempo de vida (da sua vida) que cada cidadão, cumpridas as obrigações para com a "cidade", usa como escolher fazê-lo em respeito pela liberdade dos seu concidadãos.
Para isso se lutou, há séculos, pela divisão das 24 horas do dia em 8 de trabalho socialmente necessário, 8 de recuperação, repouso, lazer e 8 de tempo livre. E tal está consagrado, também em convenções internacionais do trabalho da OIT, que foi criada em 1919 e se incluiu, em 1945 nas Nações Unidas.
Hoje, com o progresso técnico que se verificou, quando seria possível acrescer o tempo livre por menor ser o tempo de trabalho socialmente necessário, a exploração dos trabalhadores, a mercadorização da força de trabalho, exige mais e mais. Não só na quantidade como na sua própria gestão: 65 horas nesta semana, 31 na próxima, na seguinte se verá quantas horas e onde. Vida pessoal?, família?, estabilidade?... o quer é isso
Estruturar. mais que predominantemente exclusivamente a vida em sociedade em função dos interesses de quem organiza a economia e, sobretudo, as (suas) finanças, e não dos interesses e do bem estar dos seres humanos, é recuar civilizacionalmente.
Apenas estou enunciando... mas este é "o osso" das questões!

8 comentários:

Fernando Samuel disse...

Bom texto!

Na realidade, no nosso tempo, os recuos civilizacionais são uma espécie de pão nosso de cada dia - isto de há quinze anos para cá, desde que acabou aquela «coisa horrorosa» que dava pelo nome de União Soviética...

Abraço.

Anónimo disse...

O que o capitalismo pretende, é o aproveitamento máximo, e a consequente exploração dos trabalhadores que foram bem (domesticados)ou os (escravos da nova era)refiro-me aos que devem ao banco , a casa, o carro, os eletro-dométicos as viagens de férias, atrever-me ía a dizer que:-na sua grande maioria, são (capatazes)que não têm respeito por eles próprios, e muito menos pelos outros.
São seres desumanizados que foram programados, para servirem o grande capital, que lhes paga para que sejam a sua mão invisivel, para flagelar os trabalhadores.
Desculpa se me estiquei!
Abraço

Anónimo disse...

E este recuo civilizacional não afecta unicamente o tempo livre da pessoa. Afecta a pessoa que, dessa forma, deixa de poder SER. Não pode reflectir, não pode escolher, não pode aprender, não pode amar, não pode existir... Acabar assim a civilização? Voltar ao salve-se quem puder da selva pré-civilizacional? Em troca da liberdade de engordar bebendo coca-cola e mastigando maquinalmente hamburgueres?

samuel disse...

Nem é bem um recuo... é quase voltar à estaca zero.
Para quando o pagamento dos salários exclusivamente em senhas para comer nos refeitórios da empresa e fazer compras para casa nas lojas da empresa?
E como férias, talvez... excursões para ir conhecer as outras instalações da empresa...

Anónimo disse...

Isso, continuem a falar sozinhos e a congratular-vos. Câmara de eco.

Anónimo disse...

Ó anónimo das 11,08,nós não continuamos a falar sózinhos, e qa prova disso é que tú nos ouves, só te falta é a nossa coragem, para te assumires como parte construtiva, faz da tua fraqueza força, junta-te a nós, mostra que és corajoso, ajuda-nos a construir o nosso futuro, prova-nos que não és um adversário, e se o és, sê digno, assume-te, caso contrário não passas de um terrorista.

miguel disse...

esta é parte importante do tutano das disputas de classe. o anónimo que se cuide, não vá ser supreendido por mais uns poucos milhares de "sozinhos" que quando saem à rua do descontentamento e da luta fazem um belo punhado, não de solidão, mas de solidariedade.

GR disse...

Grande texto. Vou enviar por mail para que todos o possam ler, devidamente identificado.

Um dos maiores retrocessos.
O Fernando Samuel “toca” no cerne da questão.
E pensavam eles que com derrocada, não lhes caía também a desgraça em cima.

GR