sábado, abril 19, 2008

A demissão (?) de Luís Filipe Menezes, ou o caricato reflexo de uma situação muito séria

Reagi, sorrindo para dentro das minhas barbas, à notícia da demissão de Luís Filipe Menezes (LFM) de líder do PSD (é assim que “eles” dizem, não é?). Procurei ser irónico. Arrependi-me.
É que, depois, pensei melhor, passado o impacto da surpresa, e achei que a questão era demasiado séria para ser encarada com bonomia, superficialidade disfarçada de ironia.
Explico-me:
1. LFM chegou onde chegou, e da maneira que chegou, num momento em que nas “bases” do PSD – nos que escolheram o PSD como seu partido, nos seus “sócios”, nos seus votantes – havia alguma desorientação por o “seu partido” não estar a ser, corrijo: a aparecer, como oposição ao PS (sem D). Porque o PS estava a fazer a política “deles”, a ocupar, com essa política, o espaço “deles”. Até havia acordos a que os do PS estariam a levar os "seus" dirigentes…
2. Os das “bases” terão visto, em LFM, a possibilidade de voltarem a ser o que nunca foram, ou seja, oposição ao PS… em alternância com o PS voltar a ser o que nunca foi, ou seja, oposição ao PSD.
3. Nem se terão lembrado, essas “bases”, que até houve, de tão alternantes, governos PS-PSD, ou, lembrando-se, acharam que tinha sido noutras circunstâncias, unidos rumo à Europa que os une.
4. Vai daí, as ditas “bases” elegeram LFM, e este, populista como é, e pela “bases” eleito, começou a corresponder. Ou a tentar. E gorou-se um acordo que os “barões” – dos dois partidos –, e quem os tem ao seu serviço, viam com muito bons olhos: a revisão da legislação para as autarquias. E outras coisas.
5. LFM terá estragado alguns projectos na prancheta ou em estaleiro. Não por boas razões. Mas tê-lo-á feito. E, depois, deu alguns "tiros nos pés" (como aquele da Câncio...), por si ou por entrepostas pessoas, que podem ser ou aproveitados ou ignorados. Foram aproveitados.
6. E agora?
7. Bem, agora a luta (outra e nossa!) continua.
8. Não pode haver distracções.

8 comentários:

Maria disse...

Estão tão a jeito, todos, para serem "empurrados" um bocadinho....
... e as duas semanas que se aproximam são-nos vantajosas.....
Vale sempre a pena lutar. Agora ainda mais!
Gostava de poder dizer "já só falta um bocadinho assim"....

samuel disse...

Como o próximo líder do PSD não terá a mínima chance de ganhar as eleições que estão aí à porta, o minimo que o partido lhe exige é que as perca com alguma "dignidade", coisa que estão a descobrir da pior maneira, necessitarem como de pão para a boca.

Anónimo disse...

Atenção camaradas, no entretanto já ouvi alguém alvitrar a fusão entre o PSD e o PS, um tal de (José Júdice), claro que isso seria a morte natural do CDS, e seria também a globalização , dentro da globalização, a nossa salvação é que o bolo não deve chegar para tantos (abutres)e vão acabar por se degladiarem, temos que esperar LUTANDO!
Abraço
José Manangão

Justine disse...

Para quem ainda não tinha percebido, puseste tudo claro como água(límpida)!!

Sérgio Ribeiro disse...

Estes comentários continuam a reflexão (minha) e ajudam muito. À intenção de reflectir e de estimular a de reflexão de outros.
E, nessa ordem de ideias - às vezes desordenada - não concordo com o José Manangão quando diz que que o CDS teria... morte natural.
Primeiro, porque seria difícil morrer naturalmente o que anda para aí feito cadáver, depois porque essa hipótese (e só como hipótese para reflexão a tomo) levaria a fazer ressuscitar o tal CDS-PP, como "asilo" para os que, sendo de direita ideologicamente e não só pragmaticamente, não se reveriam no partido social-democrata com as duas secções unidas. Isto sou eu a pensar...

Anónimo disse...

Camarada Sérgio
O grande capital não tem Pátria está onde melhor explora, sendo assim o Partido que viesse a formar-se da fusão do PS e PSD seria mais abrangente, daí o cadaver optar por uma morte com alguma (dignidade)leia-se interesse financeiro, participar nas (migalhas para se apróximar do bolo
Isto no campo da futurologia, penso eu de que!
Abraço
José Manangão

GR disse...

Penso que LFM deu mesmo um tiro no pé!
Fiquei atónita ao ouvir a entrevista, lembrei-me do velho ditado; “zangam-se as comadres, descobrem-se as verdades”.
Também é complicado fazer oposição ao governo de direita (PS). LFM não tem perfil para dirigente. Na Câmara de Gaia (24 freguesias) tem um staff da sua confiança, trabalharam e engrandeceram a ribeira (sala de estar), nada mais. As outras 23 freguesias foram esquecidas.
Sobre os candidatos, é-me indiferente. Contudo, se Rui Rio for candidato, pode ter hipótese de ganhar! Será um perigo! Este sim é fascista!
No concelho do Porto, retirou toda a propaganda do PCP (cartazes da Festa do Avante e de propaganda temática).
Não quer saber da CNE, nem das muitas manifestações realizadas, demonstrando o descontentamento e o direito que temos.
È também exemplo; na reabilitação da baixa do Porto, entregaram-se milhares de assinaturas pedindo um debate, com a câmara e o arquitecto. Ninguém aceitou, nem o arquitecto, muito menos o presidente, este não se aproxima nem fala com o “povão”.

Enquanto a direita continua a peixeirada, nós continuamos a nossa Luta!

GR

Anónimo disse...

Se bem me lembro a união Nacional (CDS+PSD+PS) já funcionou há alguns anos nas eleições autárquicas no sul de portugal. mais recentemente funcionou nas eleições, através das Assembleias municipais, para a GAMA (Grande Área Metropolitana de Aveiro), uma área que abrange para aí uns 200 milhões de pessoas ou não fosse uma grande área metropolitana. Isto quer dizer que os 3 são iguais.