domingo, março 09, 2008

Tudo isto é um susto!... e uma expectativa

Ao ouver os noticiários televisivos, fiquei em susto. E em expectativa.
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Depois da manifestação de ontem, e do que comentou a senhora ministra (da Educação, porque há uma outra de que também se falou a propósito de Anadia), o senhor primeiro ministro foi interpelado. E falou. Teve de falar. Também achou irrelevantes os números porque, para ele, como para ela, o que conta é… a razão. Que, evidentemente, é a de ele e de ela. Porque é A RAZÃO, por ser a de ele e de ela.
Na verdade (deles-ambos-os-dois, se me permitem usar números em apoio), na rua tanto faz que sejam mil, como dez mil, como cem mil, a dizerem as suas razões. Tanto faz, se elas não forem iguais À RAZÃO. Tanto faz. Como tanto faz que tenham vindo, os que vieram, do Seixal e Baixa da Banheira, ou que também tenham vindo de Chaves, e de Vila Real de Santo António, e de Ourém, e de Castelo Branco. Ou de Freixo de Espada à Cinta, ou de Alguidares de Baixo. Tanto faz, porque as razões que os trouxeram a Lisboa não são A RAZÃO, que é a deles e mais de quem os acompanha.
E, se calhar, têm alguma razão. Embora eles – os dois e mais quem – não aceitem que não a tenham toda, e única, e exclusiva. Têm, em contradição consigo próprios, a alguma razão que lhes foi mandatada pelos números que lhes deram maioria absoluta. Que lhes foi dada por muitos e muitos que, agora, têm as suas razões para vir para a rua gritá-las. Contra o mau uso do número de razões que lhes deram para que os representassem. Pode ser assim a democracia representativa que lhes serve de escudo? (e para que, vá lá..., lutaram Álvaro Cunhal e, agora, Mário Nogueira!)
O que é grave é que se pergunta até quando A RAZÃO, esta que dizem ter como sua e única, se pode impor às razões que são não só de dez, de mil, de cem mil. O que é ainda mais grave é que se pergunte como e o que irão fazer, ele e quem o acompanha, para imporem A RAZÃO, seja a dez, a mil, a cem mil, aos que se forem somando. E que não são números.
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Também na televisão, do alto de um cadeirão, Sua Excelência o Presidente da República veio dizer-nos que está a acabar uma reflexão sobre o uso da palavra em público pelo Presidente da República. E que a vai tornar pública. À reflexão. Que está mesmo a acabar.
O Presidente da República, quando o anunciou, estava a usar a palavra em público como Presidente da República, talvez a última vez antes de acabar a sua reflexão sobre o uso da palavra em público.
E se se vier a verificar que não deveria ter feito aquele uso da palavra em público dizendo que estava no termo de uma reflexão sobre o uso da palavra em público pelo Presidente da República? Ou que não deveria, quantas vezes?, ter usado a palavra em público sem, antes, ter acabado a sua reflexão sobre o uso da palavra em público como Presidente da Republico?
Não importa, ou talvez não importe, mas o facto é que, pessoalmente, fiquei na expectativa do que sairá dessa reflexão. Que fará, decerto, o que, em terminologia adaptada, irá servir de jurisprudência para o uso da palavra em público para presidentes de repúblicas.
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Para a Liga de Honra (é assim que se chama?), o Benfica empatou com o Leiria, último classificado. E na Luz. José António Camacho pediu a demissão. Por tão pouco?

2 comentários:

Fernando Samuel disse...

José António Camacho é um homem digno.

GR disse...

O último parágrafo é o que menos importância tem(nenhuma até) no plano económico, político e social. Contudo, José António Camacho, como profissional que é e talvez por não ter conseguido os objectivos preconizados, demitiu-se!
Por dignidade profissional? Por respeito aos sócios?
Porque razão os ministros deste desgoverno não seguem o exemplo de Camacho? Estes sim! têm todas as razões para pedirem a demissão. Porém, falta a qualquer dos ministros o que Camacho tem e eles não fazem ideia o que é.A dignidade, o respeito pelo povo!
Há ainda pessoas de bem! Pena que nenhuma esteja no governo!

GR