quinta-feira, agosto 23, 2007

Bilhete postal

Do Zambujal ao Lagarinho
em 20 minutos e (quase) 4 rotundas

Tinha de estar cedo em Ourém para cumprir uma tarefa (de esperar…). Cedo para um reformado, acrescente-se; demasiado cedo para um reformado que se deita sempre muito tarde, re-acrescente-se.
Engolida a primeira parte do pequeno-almoço, saia apressado para o carro quando uma primeira tarefa me prendeu. Ao ver-me passar a correr (ou quase), o Mounti chamou-me. E não foi com meios miados. Foi imperativo. Onde é que eu ia, com aquela pressa toda e sem lhe prestar a mínima atenção?...
Lá meti os travões às duas pernas, fiz marcha-atrás, fui buscar a escova de alisar pêlos e fui ter com ele àquele canto onde o sol bate tímido na manhãzinha, em cima da almofada onde Sua Excelência se coloca a jeito para a escovadela matinal com que a dona o mimoseia. Ou, na falta da dita, que seja este dito dono. Assim a modos de quem não tem cão e caça com gato. Salvo seja…
Lá teve de ser. Pressionado pelo tempo, fiz duas passagens de escova pelo corpo estirado, oferecendo o queixo, jogando com as patas, brincando calmamente [falta a foto, mas não é só para isso que “ela” aqui faz falta, como (não) se vê]. Mas não podia ser muito tempo… O que originou uns trinados, meio de agradecimento meio de protesto.
De qualquer modo, ao chegar ao carro, senti-me bem ao pensar que não custa nada fazer outros felizes. Mesmo se, ou mesmo quando, o outro é um gato!
Deitei-me (queria, queria) ao caminho, acabando de acordar, e apanhei as obras para a rotunda de Pinhel. Ainda não as percebi muito bem e arrastam-se como se de Santa Engrácia fossem, e lá fiz as reflexões habituais sobre a rotundomania que o poder local trouxe a este País, adjuvado pelo Instituto das Estradas de Portugal, antes desta espectral (e socialista?) privatização. Que seja por obra e graça da Prevenção Rodoviária…
Não tive muito tempo para pensar noutras coisas porque, mesmo mesmo antes da rotunda da Corredoura (recuso-me a chamar-lhe do Intermarché, e eu sei porquê), sou atraído por uma rotunda barriga que, à beira da estrada, parecia fazer companhia a um carro que logo ali resolvera deixar de andar sobre as suas quatro rodas. Para mais, a rotunda barriga mais rotunda parecia porque estava encimada por um chapéuzinho ridículo, contida (?) numa berrante camiseta vermelha, e tinha por baixo uns calções brancos e umas perninhas fininhas que terminavam nuns sapatos ditos de ténis. Digno de ver.
Fiz a primeira rotunda propriamente dita (que, assim, já era a terceira), meti para a quarta (ou seja, a do Ribeirinho), e entrei na Avenida, que nem se precisa de dizer que é do D. Nuno porque é a única desta cidade, percorri-a toda e, ao fim dela, já a entrar na descida do Lagarinho, virei à esquerda e cheguei ao meu destino.
Aqui estou.
No horário, isto é, antes das nove.
Aqui estou. À espera. Cumprindo esta tarefa.

2 comentários:

Anónimo disse...

Conclusão moral da história: bem podias ter escovado o Mounty pelo menos mais uns 5 minutos: ele agradecia, e a ti fazia-te bem à tensão!

GR disse...

Ainda bem que não estás em S. João da Madeira. Este bonito concelho de 8 km, só tem uma freguesia mas, tem mais de 110 rotundas!
Então ias embora sem dares os bons dias ao Mounty???
Ainda bem que ele está sempre atento!

GR