sábado, setembro 10, 2005

Lágrimas e punhos cerrados e erguidos pelo Flávio

Também aqui, neste blog que é o meu, que é o pessoal, quero deixar o que escrevi esta manhã, logo que me chegou a notícia, e já depois de ter chorado abraçado ao pai do Flávio.

O dia começou com a notícia brutal: morreu o Flávio!
A notícia que não podia ser surpresa, que não era inesperada, mas que foi brutal.
A notícia que nos deixa perplexos, a olhar para os longes, contendo ou desatando as lágrimas. Como é possível que isto seja verdade?!
O Flávio tinha 19 anos, tinha a força dessa idade que, nele, era também uma incomensurável vontade de saber e de participar, uma delicadeza e uma humildade nunca servil que chegavam a enternecer.
Conheci-o, há uns 5 anos, numa sessão no liceu em que fui falar não sei de quê. Ele interpelou-me, com convicção e sem floreados. Depois, quis continuar a conversa, quis saber mais e mais coisas. E a conversa continuou até hoje de manhã. Até esta notícia brutal que começou o dia.
Trabalhava, sempre o conheci a trabalhar – num talho, em Fátima –, e tinha um calmo orgulho em ser trabalhador. Estudava, agora à noite, com vontade de saber mais, sempre mais.
Tinha 19 anos, o Flávio. O meu, o nosso camarada. O meu “neto” em “Somos todos netos de Abril”.
Não foi surpresa a notícia. Surpresa tivemos quando soubemos da ida ao hospital, quando fomos sabendo da doença, da impotência que em nós crescia, da desesperança, do desespero que leva a não querer acreditar até à notícia brutal.
O Flávio!… que não tivemos connosco na Festa do Avante!, mas que esteve em nós, dentro de nós, durante a Festa do Avante!. Que está nas nossas listas. E nelas ficará, estimulando à luta, agora também pela sua memória.
Já nos faz tanta falta o seu sorriso tímido e bom!

11 comentários:

Unknown disse...

Sentidas condolências.

Sérgio Ribeiro disse...

Obrigado, Pedro.
Era um camarada com as qualidades que gostamos de encontrar nos que querem ser nossos camaradas. Cheio de força e de vida e de contade de viver. Com 19 anos!
Difícil, difícil...

Anónimo disse...

A minha mulher é enfermeira e assistiu a esta rasteira que a vida pregou ao Flávio. 19 anos... nem sei o que dizer.

Anónimo disse...

Falaste-me com tristeza da doença do Flávio!
Entristece-me que “o neto de Abril”, tenha partido ainda tão jovem!

Um beijo triste, mas muito solidário,

GR

Sérgio Ribeiro disse...

Obrigado, Pedro,
obrigado, GR

Vim agora de pé dos pais e do irmão do Flávio.
Não está fácil!
Ver desaparecer alguém como o Flávio perturba, ver desaparecer alguém, ver alguém deixar de ser perturba. Mas o Flávio! Com 19 anos e tanto para viver!
Como ele "curtiu" a Festa de 2004, como ele se preparara para a Festa de 2005 e como, com grande serenidade, aceitou não ir à deste ano... mas para o ano lá estaria!
Isto tem de passar, mas custa muito!

Unknown disse...

A morte é sempre brutal, na força dos 19 anos é-o ainda mais.
Sentidas condolências.
Mas como dizia o poeta "...até os mortos vão ao nosso lado."

Anónimo disse...

Fiquei siderada quando hoje de manhã soube a notícia.
Ainda não tinha conseguido digerir a notíca da doença, mas este desenlace assim....deixa-me sem palavras.
Como é possível? ainda "ontem" estava ele na Secundária, para as aulas da noite irradiando saúde....Cheio de esperança estava.... até queria receber material para continuar a estudar e acabar o 12ªe iria receber, sem dúvida.
A Vida é muito injusta!!!!devia ser proibido partir com 18 anos....
Desculpem o desabafo...mas estou muito chocada

Desculpem este de

Anónimo disse...

Não conhecia o Flávio, mas a sua morte e os vossos testemunhos trouxeram-me a dor arrepiante de quem já viu a morte na face do ente mais querido.

Anónimo disse...

...eu também não o conhecia mas não posso deixar de me sentir partícipe da vossa dor e, uma vez mais, confundido com o sem-sentido radical e insanável de uma morte aos 19...

Abraços à família e aos amigos...

Anónimo disse...

Um abraço de solidariedade com esta dor que também é partilhada.

Anónimo disse...

Logo de manhã a notícia deixou-me estarrecida, perplexa, sim, porque eu não estava à espera!
Tinha falado com ele uns dias antes e ele estava um pouco em baixo, mas, ainda conseguiu transmitir-me palavras de força.
Foi um choque! Sempre acreditei que ia vencer a doença...
Cá fico, para me lembrar dos nossos arrufos, da nossa ida ao Avante de 2004, da viagem, que ele pensava que já estávamos perdidos!
Tanta lembrança que fica!
Estás sempre connosco!